Sucesso do Ifes de Vila Velha no Enem é exemplo a ser seguido

É imprescindível que o ensino público regular também avance e seja capaz de se equiparar às escolas federais em qualidade

Publicado em 01/07/2020 às 06h00
Atualizado em 01/07/2020 às 06h01
Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) do campus Vila Velha
Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) do campus Vila Velha. Crédito: Divulgação

Já é algo esperado que a rede federal tenha posição de destaque no ranqueamento das escolas do Enem. No Espírito Santo, a novidade em 2020 foi apenas a mudança de endereço do campus, com o Ifes Vila Velha ocupando a dianteira que por três anos consecutivos foi do Ifes Vitória, como o mais bem avaliado instituto federal do Brasil. Na comparação com as demais escolas, a unidade canela-verde ficou em quinto lugar entre todos os colégios da rede pública do país. No Espírito Santo, repetiu a posição entre todas as escolas (incluindo as particulares), ocupando a liderança entre as públicas.

Trata-se da primeira turma do ensino integrado (ensino médio e técnico) a se formar no campus de Vila Velha e a realizar o exame do Enem, um mérito inequívoco de alunos e instituição. Principalmente se for levada em conta a situação dramática dos institutos federais em 2019, quando o corte de verbas do governo federal impôs ajustes que colocaram em risco a própria manutenção das aulas.

Não é exagero algum afirmar que os institutos federais têm sido as jóias da coroa da maltratada educação brasileira. A rede nacional, atualmente com 38 institutos, completou 110 anos em setembro de 2019. No Espírito Santo, até se tornar a atual potência com 22 campi, nos quais são oferecidos até mestrados, teve a trajetória marcada pelo fortalecimento do ensino técnico e público, sempre mediante seleção. Assim, as escolas federais têm sido consideradas ilhas de excelência nas últimas décadas. 

O acesso, portanto, é distinto do que ocorre na maior parte da rede pública, já que há um processo de seleção rigoroso e disputado. Assim como nas universidades públicas, os mais bem preparados entram, e o fator econômico também pode se impor. O processo  contribui para que o desempenho dos alunos tenha também boas avaliações internacionais.  No Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, em inglês) de 2015, a pontuação dos alunos das escolas federais os colocou no mesmo patamar dos estudantes da Coreia do Sul, o país que se tornou exemplo a ser seguido na educação.

Ao mesmo tempo que a sociedade deve estar sempre atenta para que não haja o desmantelamento dessa rede que coloca o país em um lugar  raro de reconhecimento, é imprescindível também que o ensino público avance e seja capaz de se equiparar às escolas federais em qualidade. A rede federal aponta que é possível fortalecer o ensino médio, tradicionalmente um gargalo no ensino público brasileiro, com qualificação profissional e valorização dos docentes. Não se pode esquecer tampouco da necessidade de uma estrutura adequada para receber o aluno: da sala de aula às carteiras, o ambiente da aprendizagem não pode ser inóspito.

Os problemas crônicos da educação brasileira, que patina tanto para conseguir formar cidadãos capazes de tomar posições em sociedade e profissionais gabaritados para o mercado de trabalho, engrossaram-se na pandemia. É mais um obstáculo a ser superado. Contudo, o surgimento da Covid-19 está na categoria do imponderável. Uma crise imprevisível. Já o Ministério da Educação inerte, e agora mais uma vez desocupado, é resultado da falta de gestão, nada casual. Está na categoria da incompetência.

O horizonte da educação brasileira está ainda mais nebuloso. Mas é importante proteger o que funciona e causa orgulho: as escolas federais alcançaram um nível de excelência que não pode sofrer qualquer tipo de regressão por equívocos gerenciais ou omissão. No futuro, espera-se que a rede federal permaneça no topo dos rankings, mas com alunos de escolas públicas estaduais competindo de igual para igual, tão bem avaliados quanto os dela.

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