Brasil tem compromisso moral com a construção de um legado ambiental

A natureza é aquilo que torna o país tão maravilhoso aos olhos do mundo, e justamente por isso traz a reboque grandes responsabilidades

Publicado em 22/10/2019 às 05h01
Manchas de óleo tomam conta da Praia dos Carneiros, no litoral pernambucano . Crédito: Clemente Coelho Júnior/Instituto Bioma Brasil
Manchas de óleo tomam conta da Praia dos Carneiros, no litoral pernambucano . Crédito: Clemente Coelho Júnior/Instituto Bioma Brasil

Até o domingo passado, a Marinha anunciou ter coletado 525 toneladas de resíduos no litoral nordestino desde o início do aparecimento das manchas de óleo, em 2 de setembro, na Paraíba. É mais uma crise ambiental que assusta pelas suas dimensões. Enquanto órgãos nacionais e do exterior se mobilizam para descobrir a origem do desastre, o Brasil se vê mais uma vez atraindo a atenção internacional, como cenário de tragédias ambientais.

Com suas proporções continentais e biodiversidade abundante, o país não tem como escapar: será sempre protagonista quando se trata de recursos naturais disponíveis no planeta. A questão é: precisa também exercer um protagonismo na gestão de seus ativos ambientais e na defesa de valores de proteção.

A natureza é aquilo que torna o Brasil tão maravilhoso aos olhos do mundo, e justamente por isso traz a reboque grandes responsabilidades. A imagem brasileira saiu arranhada no episódio das queimadas amazônicas pela escolha governamental de evitar as vias diplomáticas e dar preferência ao confronto. É preciso negociar.

Não tem sido diferente agora: mesmo que ainda não seja possível identificar os responsáveis pelo vazamento, a cúpula do Planalto ainda insiste em justificativas rasteiras para a própria falta de ação. Os grandes êxitos, até o momento, na redução dos danos no litoral têm sido proporcionados pela atuação de voluntários nas praias. Enquanto isso, o poder público, em todas as esferas, mais bate cabeça do que propõe soluções.

Ainda é cedo para culpar quem quer que seja sobre o aparecimento das manchas de óleo. Mas, por outro lado, já passou da hora de se estabelecer a pauta ambiental como uma prioridade nacional. É preciso ter a noção de que o tema deixou de ser um assunto dos “ecochatos”: os países mais desenvolvidos há muito já compreenderam que não há crescimento econômico sem sustentabilidade. Os valores ambientais passaram a guiar acordos econômicos, com a exigência de contrapartidas que garantam a proteção de ecossistemas, sem exaurir os recursos de determinadas regiões.

Não há alternativa: se o país de fato almeja um lugar de destaque internacionalmente, precisa encarar as questões ambientais com a seriedade que elas exigem, sem relativizar o problema ou tratá-lo com ironia. O Brasil tem um compromisso moral com a construção de um legado ambiental.

A Gazeta integra o

Saiba mais
economia meio ambiente

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.