Publicado em 28 de maio de 2020 às 18:12
O número de voos no mundo cresceu na última semana 26% desde que atingiu seu ponto mais baixo, em meados de abril, devido à pandemia do novo coronavírus.>
A semana mais parada de maior paralisação da aviação mundial foi a de 18 a 25 de abril, quando a quantidade de aviões comerciais no ar era um quarto da registrada no fim de janeiro. Comparada com a média de voos na semana passada, porém, houve aumento de mais de 7.000 decolagens diárias.>
A retomada ocorre em meio a dificuldades financeiras das empresas aéreas, que acumulam prejuízos bilionários. Latam e Avianca, duas maiores da América Latina, entraram neste mês com pedidos de recuperação judicial nos Estados Unidos.>
Os dados são do site FlightRadar24, que monitora o tráfego aéreo em todo o planeta.>
>
O crescimento é observado principalmente na Europa, que começa a retomar atividades após quase dois meses de isolamento social. É o que vem acontecendo em aeroportos de Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Bélgica e Holanda.>
Ainda assim, o volume de voos é muito inferior ao que se via antes da pandemia.>
No Charles de Gaulle, em Paris, a semana do dia 19 a 25 deste mês teve média diária de decolagens 55% superior à de 1º a 7. Eram 38 voos por dia no início de maio, contra 59 agora, em um aeroporto que, há três meses, tinha mais de 570 decolagens em um só dia.>
A situação é similar em Milão e em Madri, que, assim como a capital francesa, adotaram o lockdown para conter o avanço da Covid-19. São cidades acostumadas a receber milhões de turistas todos os anos, mas que, no auge da quarentena, chegaram a ter menos de 10 decolagens em um dia.>
Na última semana, partiram do aeroporto de Milão uma média de 20 voos diários, e 22 de Madri. É um aumento de 67% e 38% em relação ao início de maio, respectivamente, embora não cheguem a um décimo do que se via antes do coronavírus.>
O aumento tímido pode ser explicado não só pelo receio de governos e cidadãos a um possível novo aumento de casos de Covid-19 como pelo fato de que as fronteiras da União Europeia, fechadas desde março, ainda não tenham sido completamente reabertas.>
Alguns países já têm flexibilizado gradualmente os controles nas fronteiras internas, seguindo recomendações da Comissão Europeia, braço executivo do bloco. A previsão é que as divisas sejam totalmente reabertas em meados de junho, quando as autoridades esperam que o turismo possa ser retomado com mais segurança.>
Não há certeza, contudo, se a proibição à entrada de cidadãos estrangeiros não residentes na União Europeia será estendida.>
A reabertura interna coincide com a proximidade do verão europeu, período de férias no hemisfério norte. É também quando as companhias aéreas pretendem minimizar os prejuízos fruto da quarentena e consequente fechamento de fronteiras mundo afora.>
A Lufthansa, por exemplo, recebeu aporte de 9 bilhões de euros do governo alemão, que se tornou o principal acionista da empresa, com 20% do capital. A companhia anunciou que deve retomar em breve rotas para a Espanha, um dos países mais afetados pela pandemia, mas cujas praias recebem milhões de turistas anualmente.>
De acordo com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a reabertura do país para o turismo deve começar em julho, quando será suspensa a quarentena obrigatória a quem esteve no exterior.>
Também dependem especialmente do fluxo de turistas no verão países costeiros como Portugal e Grécia.>
Mesmo o Brasil, que está longe de chegar à estabilização do número de casos e mortes por coronavírus, já começa a registrar aumento no número de voos. Em Guarulhos, houve crescimento de 48% na média diária de decolagens na última semana, em relação ao início do mês.>
As aéreas Gol, Azul e Latam afirmaram que têm planos de expandir os voos, em alguns casos reduzidos em até 90%, no mês de junho.>
No caso da Gol, 17 voos diários voltaram a funcionar no domingo (24). No próximo mês, a empresa terá 100 decolagens por dia, ante 68 em maio.>
A Azul, por sua vez, retomará gradualmente as atividades em cinco aeroportos, com aumento de até 46% no volume de voos.>
Já o grupo Latam informou nesta terça (26) que entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA para suas operações em cinco países, mas a afiliada do Brasil não foi incluída na solicitação. Por aqui, para além da expansão de rotas internas, a companhia prevê novos voos internacionais.>
A decisão das aéreas brasileiras de ampliar linhas operantes contrasta com os dados oficiais de casos e mortes por coronavírus, ainda em ascendência acelerada no Brasil. Na terça, foram confirmados mais de mil novos óbitos, e o total ultrapassa os 24 mil.>
A partir desta quinta (28), por determinação do governo de Donald Trump, cidadãos não americanos que viajaram ao Brasil nos 14 dias anteriores ficarão proibidos de entrar nos Estados Unidos.>
Até há pouco epicentro da pandemia (agora na América Latina), os EUA ainda não registram aumento significativo de voos em seus principais aeroportos.>
O JFK, em Nova York, cidade com mais mortos por coronavírus no mundo, manteve média de 87 decolagens diárias em maio --na primeira semana de março, eram quase 600 por dia.>
No de Atlanta, um dos maiores no planeta, o quadro também é de estabilidade, ainda sem sinais claros de retomada.>
A China, por sua vez, vê crescer com mais fôlego o movimento no aeroporto de Pequim, com aumento de 79% em relação ao início do mês. Por lá, o número de voos agora é maior que há dois meses, quando a Covid-19 começava a proliferar na Europa.>
O país asiático, onde surgiu o coronavírus, deu início a medidas de isolamento social em janeiro, enquanto boa parte do mundo ainda não tinha dimensão do impacto da doença, e reabriu antes.>
Em abril, ápice da quarentena na Europa e nas Américas, a cidade de Wuhan, foco inicial da epidemia, saiu do confinamento após mais de dois meses de restrições.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta