Publicado em 20 de setembro de 2021 às 12:59
Em meio ao ambiente externo desfavorável, o Ibovespa começou a semana em forte baixa, se distanciando ainda mais dos 111.439,37 pontos da sexta-feira, chegando a cair para os 108 mil pontos. A tendência na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) decorre do temor de desaquecimento mundial mais forte que o esperado, intensificado pela China, onde pesam os problemas financeiros da Evergrande.>
Ao mesmo tempo, Pequim continua a adotar medidas restritivas no setor industrial, o que dita novo recuo ao minério de ferro (-8,80%), para US$ 92,98 a tonelada, ajudando na desvalorização de ações do segmento lá fora.>
Para completar, a espera pelas decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, na quarta-feira, e o início da cobrança do aumento de IOF para empresas e consumidores devem reforçar a cautela dos investidores na B3.>
Os papéis de mineradoras e siderúrgicas cedem, jogando o Ibovespa para o campo negativo, dada a representatividade na carteira, sobretudo Vale, que tem participação de 14,22% no índice. O petróleo também cai mais de 1,50% esta manhã no exterior, elevando o "sentimento de aversão ao risco global", observa em nota Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora.>
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Às 11h09, Vale ON cedia 3,24%; CSN ON caía 3,02%; Usiminas PNA tinha recuo de 2,16%. Petrobras recuava 2,33% (PN) e tinha declínio de 1,76% (ON).>
Como cita a CM Capital, alguns veículos de comunicação, como o WJS e outros, falam abertamente sobre o medo do contágio da crise financeira da Evergrande, "mas, como costuma ser o caso na China, a falta de visibilidade torna essa avaliação mais difícil do que de costume.">
De todo modo, a questão da incorporadora chinesa deixa os investidores em estado de atenção, ressalta Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Em sua visão, era esperado algum arrefecimento econômico mundial após a fase de estímulos e de recuperação. "Vai sair do momento de ebulição. Isso realmente era esperado, mas não sabemos quanto tempo vai durar", avalia.>
Neste sentido, continua, os dados de setembro da economia serão fundamentais para ajudar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA a definir o início do processo de retirada de estímulos (tapering). Em sua visão, o presidente do Fed, Jerome Powell, tentará ao máximo adotar um tom "dovish" em relação a indicações. "Deve tentar usar o máximo de elementos para segurar medidas até o ano que vem, quem sabe começando em janeiro", diz>
A despeito de o caso Evergrande e as medidas restritivas do governo chinês não serem novidades, os mercados ficam na defensiva, observa Rodrigo Natali, da Inversa. "O Investidor local estava acostumado a se ater a questões internas. Agora, as notícias de fora assustam, geram cautela. A queda das ações da Evergrande começou há quase cinco anos. É uma novela que vem se arrastando. É obvio que haverá calote se considerarmos que uma reestruturação é igual a um calote. O debate é quais serão os termos desse acordo e quanto será o corte no valor de face dos bônus da empresa. Isso assusta, pois entrou no radar das pessoas", descreve Natali, acrescentando ainda o mau humor nos mercados também é provocado pelas medidas restritivas da China ao setor industrial.>
Às 11h07, o Ibovespa cedia 2,14%, aos 109.126,30 pontos, ante mínima aos 108.611,28 pontos. Apenas Copel PNB (4,83%), RaiaDrogasil ON (0,42%), Eletrobras PNB (0,50%) e Cemig PN (0,07%) subiam.>
Em meio a este cenário cauteloso no exterior, Cruz, da RB, acredita que fica difícil imaginar uma recuperação do Ibovespa no curto prazo, ainda mais que algumas questões internas também seguem sem solução.>
O estrategista da RB refere-se especialmente à reforma administrativa, que não avança, embora o presidente da Câmara, Arthur Lira, tenha dito estar otimista quanto a seu avanço. "Se conseguir avançar, será uma surpresa positiva, mas não escuto ninguém falar nessa direção", diz o estrategista da RB Investimentos.>
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