Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 16:05
O Congresso deve alterar a proposta do governo que extingue municípios com poucos habitantes e alto grau de dependência da União. O texto pode ter critérios para a eliminação abrandados e ainda receber um dispositivo que diminui o gasto de prefeitos com câmaras de vereadores. No Espírito Santo, o município de Divino de São Lourenço, no Sul do Estado, seria extinto pelas regras.>
O senador Marcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC (proposta de emenda à Constituição) do pacto federativo, afirma que considera mudar o trecho e alterar o percentual de receita exigido para que os municípios não sejam extintos.>
Pela proposta enviada pelo governo, municípios com menos de 5.000 habitantes e receita própria correspondente a menos de 10% de sua receita total seriam fundidos com um vizinho.>
Bittar considera diminuir a exigência. "Pode alterar [o percentual da receita]", afirmou. A mudança preservaria mais municípios do que nas regras previstas atualmente.>
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Técnicos do governo estimam que 1.130 municípios podem ser eliminados com as regras anunciadas. Mas o número exato ainda depende de as receitas serem checadas efetivamente, o que vai acontecer apenas no ano de 2023. A extinção ocorreria apenas em 2025.>
Bittar diz que tem discutido as mudanças com prefeitos. "Todos que vieram falar comigo, a confederação dos menores municípios e a dos maiores, concordam que vários foram criados sem razão nenhuma. A farra foi muito grande", disse.>
De qualquer forma, a previsão de extinção dos municípios será mantida por ele mesmo com eventuais mudanças nos critérios. Segundo ele, o formato dependerá das discussões.>
"Se dependesse de mim, o relatório iria 'ipsis litteris' da forma como veio do governo. Mas não adianta se eu perceber que é impossível [aprovar]", afirmou.>
O senador planeja ainda diminuir o máximo que municípios precisam destinar às respectivas câmaras de vereadores. Hoje, o poder legislativo municipal deve receber, no limite, de 3,5% a 7% das receitas totais da cidade, percentual que varia conforme o número de habitantes.>
Além disso, Bittar pretende alterar o número de vereadores exigidos para cada município. Hoje, a Constituição determina que as Câmaras devem ter um mínimo de nove integrantes (a exigência cresce até 55, dependendo do tamanho da população).>
"Por que o percentual não pode ser menor? Se o dinheiro viesse de Marte, não teria problema nenhum [continuar como está]. Mas não vem", disse.>
Dizendo-se "absolutamente liberal", Bittar pretende retomar a ideia inicial do ministro Paulo Guedes (Economia) de uma proposta contábil que, na prática, diminui a destinação de recursos para saúde e educação.>
A proposta original, retirada instantes depois de ser apresentada, era incluir todas as despesas com os inativos de saúde e educação nos cálculos dos mínimos constitucionais (hoje, isso não é permitido). A proposta vale para União, estados e municípios.>
Esses gastos passariam a fazer parte da conta do valor mínimo que governantes precisam destinar às áreas, o que reduziria a necessidade de recursos para cumprir o piso.>
Ele também cogita mudanças para os pisos de saúde e educação. O governo já propôs somar os dois mínimos. Bittar quer que os recursos sejam usados também em áreas como segurança pública.>
Bittar pretende apresentar seu relatório em fevereiro. Segundo ele, seria inócuo apresentar agora - às vésperas do recesso parlamentar. O Congresso encerra as atividades do ano na próxima semana.>
Ele acredita que tanto a PEC do pacto federativo, relatada por ele, como as outras duas do Plano Mais Brasil, de Guedes (a que cria medidas emergenciais de controle de despesas e a que extingue fundos) podem ser votadas ainda no primeiro semestre de 2020.>
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