Publicado em 10 de novembro de 2020 às 13:08
O Banco Central e a Receita Federal estão em conversas avançadas para implementar o pagamento de impostos por meio do Pix e discutem maneiras de operacionalizar esse movimento ainda neste mês. >
Segundo especialistas, a expectativa é que a adoção do novo sistema diminua os custos para o governo e aumente a arrecadação dos tributos.>
O novo sistema do Banco Central começará a funcionar no dia 16 e permitirá mandar dinheiro para outra pessoa ou empresa de maneira instantânea e independentemente de qual seja a instituição de recebimento.>
As transações poderão ser feitas 24 horas por dia, nos sete dias da semana, incluindo feriados, e acontecerão de maneira gratuita para pessoas físicas e microempreendedores individuais.>
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Segundo a Receita Federal, há esforços para que os tributos administrados pelo fisco possam ser pagos pelo Pix ainda neste mês.>
"Utilizaremos um QR Code para a identificação do que está sendo pago [dados que usualmente estão no documento da arrecadação]. Para a obtenção e a geração do QR Code, serão usados os mesmos sistemas que o contribuinte já utiliza para obter um Darf [Documento de Arrecadação de Receitas Federais]", afirmou o órgão em nota.>
O chefe de subunidade do departamento de competição e de estrutura do mercado financeiro do BC, Breno Lobo, afirmou que o pagamento de impostos por meio das guias de recolhimento da União (GRUs, como são chamadas) deve vir primeiro.>
"O pagamento das Guias de Recolhimento da União já começa em novembro, mas o Tesouro Nacional ainda terá um cronograma até que o pagamento possa ser 100% realizado por meio do Pix. Estamos em conversas avançadas com a Receita e com as Fazendas dos estados para também inserirmos esses pagamentos de impostos pelo Pix gradativamente", disse Lobo em evento promovido pela Informa Markets no fim de outubro.>
As GRUs são documentos instituídos pelo Ministério da Economia para recolhimento das receitas de órgão, fundos, autarquias, fundações e demais entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social.>
O documento pode servir para o pagamento de taxas (como custos judiciais e emissão de passaporte), aluguéis de imóveis públicos, serviços administrativos e educacionais (como inscrições para vestibulares e concursos, expedição de certificados por universidades públicas federais) e multas (como da Polícia Rodoviária Federal, do código eleitoral), entre outros.>
Segundo especialistas, a expectativa é que o pagamento de impostos pelo Pix possa aumentar a adimplência e a arrecadação por parte do governo.>
"O Pix terá o mesmo nível de fiscalização dos outros meios já adotados para pagamentos de impostos, e todos os estudos que já saíram sobre o tema indicam uma redução no custo das transações. Isso também deve se refletir no custo tanto para o consumidor como para a Receita realizar a cobrança", afirmou Murillo Allevato, sócio do Bichara Advogados.>
Para a advogada do segmento bancário e financeiro da Tauil & Chequer Advogados, Priscilla Santos, a adoção do Pix por parte do governo também tende a diminuir a burocracia para o pagamento de impostos.>
"A confirmação automática é positiva para todos os lados e acaba tirando muitas burocracias do meio do caminho. O potencial para mobilizar a economia é muito grande", afirmou ela.>
O Banco Central também já sinalizou que algumas contas de água, luz e telefone já poderão ser pagas diretamente pelo Pix em novembro.>
Segundo Lobo, do BC, a expectativa é que, a médio prazo, o Pix seja obrigatoriamente ofertado como opção para pagamento das faturas.>
Sistema tem falhas pontuais em fase de testes, diz BC>
O diretor de organização do sistema financeiro e resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Melo, afirmou nesta segunda-feira (9) que a abertura controlada para o uso do Pix é necessária para testar o sistema.>
"Fazemos essa abertura porque sabemos que terão problemas. Nós não sabemos quais são, mas sabemos que problemas pontuais vão existir. Mas é difícil saber quais são e antecipá-los. Por isso tivemos duas semanas de testes com os participantes do mercado", afirmou o diretor em evento virtual promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).>
Segundo o diretor de inovação, produtos e serviços bancários da federação, Leandro Vilain, os problemas que foram encontrados durante os testes para implementação do novo sistema do Banco Central já foram corrigidos.>
"Eram problemas muito pontuais, como um banco não conseguindo ler a agência do outro porque tinha zeros à esquerda, por exemplo. Coisas que foram corrigidas em menos de 30 minutos", disse.>
Só na sexta-feira passada (6), o Pix registrou mais de 57 mil transações, que somaram R$ 21,1 milhões - o maior volume transacionado pelo novo sistema até agora. No final de semana, foram 19,5 mil transações, que totalizaram R$ 4,2 milhões.>
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