Publicado em 13 de abril de 2020 às 15:50
Para destravar o projeto que prevê socorro a Estados e municípios durante a pandemia do novo coronavírus, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), propõe que o texto priorize uma espécie de seguro para garantir a arrecadação desses entes e foque a suspensão da dívida com bancos>
Maia participou nesta segunda-feira (13) de uma videoconferência com representantes da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).>
As declarações ocorreram enquanto aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) avaliam que a proposta de até R$ 40 bilhões do Ministério da Economia para o pacote de socorro aos estados na crise do coronavírus não deve ser suficiente para ajudar os entes.>
Maia afirmou que um dos pontos criticados na proposta em debate até sexta (10), o de empréstimos garantidos pela União, que abriria espaço de até R$ 50 bilhões para financiamento, foi excluído da versão que será apreciada nesta segunda.>
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"Nós tivemos muita crítica na questão dos empréstimos, então estamos, na nossa proposta, excluindo os empréstimos e estamos focando o seguro do ICMS (imposto estadual) e do ISS (imposto municipal), que gera convergência", afirmou. "Estamos esperando para ver qual a proposta do governo".>
A ideia, afirmou, é viabilizar uma espécie de seguro ICMS e ISS, que seria a recomposição nominal (sem correção inflacionária) das receitas de estados e municípios durante a crise do coronavírus. Assim, eles teriam previsibilidade e conseguiriam compensar a queda de arrecadação, que, segundo dados citados por Maia, já alcança 40%.>
Na avaliação do deputado, a responsabilidade dessa forma de ajuda a estados e municípios é do governo federal. "Essa recomposição só o governo federal pode permitir, porque só ele pode imprimir dívida, moeda".>
Se a arrecadação melhorar, o governo não precisaria complementar os recursos para os entes federados, acrescentou o presidente da Câmara. "Como é um seguro e ninguém está fixando valor, o governo recompõe naquilo que for necessário", defendeu. "Ou a gente vai dar as condições para que Estados e municípios não entrem em colapso, ou a gente não vai chegar a lugar nenhum.">
Outro ponto que deve ser contemplado no texto, de acordo com o deputado, é a suspensão das dívidas dos Estados e municípios com bancos. "A suspensão das dívidas do Tesouro, basicamente todas elas já foram feitas pelo Supremo. Não vejo necessidade de nós mantermos isso no texto", disse. Segundo ele, o impacto seria menor, de R$ 9 bilhões a R$ 12 bilhões.>
Com o apoio de Maia, chefes de Executivos estaduais tentam emplacar um plano de alívio financeiro no curto prazo e sem contrapartidas, o que incomodou a equipe econômica.>
O time de Guedes considera a proposta uma bomba fiscal que pode gerar um custo de até R$ 222 bilhões ao governo federal.>
Ciente das dificuldades na Câmara, o ministro vem buscando apoio dos senadores para tentar mudar eventual votação na Câmara que desagrade o governo.>
Maia falou ainda sobre a discussão em torno da redução de salários de servidores públicos. Ele afirmou que não se fala "demagogia" com o tema e que todos os que têm salários maiores nos três Poderes compreendam que terão que dar uma contribuição no curto prazo.>
No entanto, teria que ser um movimento unificado dos três Poderes, "para que não fique parecendo que o problema está num poder".>
Maia disse ainda que há uma tentativa de se construir uma proposta com a equipe econômica de congelamento de dois anos do salário de servidores. Se o governo federal encaminhar o projeto, afirmou, a Câmara vai votar o texto.>
"Mas precisa ser uma coisa combinada. Porque às vezes a gente fala e o outro Poder não aceita. E como há uma independência, se nós aprovarmos algo, só tem eficácia se todo mundo compreender a importância".>
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