Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 15:52
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter dito que não há previsão de 13ª parcela para o Bolsa Família neste ano por causa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro Paulo Guedes (Economia) admitiu nesta sexta-feira (18) que o governo é contra o benefício extra para as famílias carentes.>
"Sou obrigado, contra minha vontade, a recomendar que não pode ser dado o 13º do Bolsa Família", afirmou Guedes. Segundo o ministro, se o governo conceder a 13ª parcela novamente irá cometer crime de responsabilidade.>
"Observamos que, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, se você der um 13º por dois anos seguidos, está cometendo crime de responsabilidade fiscal pois não houve a provisão de recursos", justificou.>
Após a declaração de Bolsonaro, Maia chegou a dizer que colocaria, então, em votação uma proposta para que deputados pudessem decidir sobre a criação do benefício extra ao Bolsa Família neste ano e, como quer a oposição, poderia também estender o auxílio emergencial.>
>
Guedes, no entanto, se opôs à ideia de conceder um pagamento extra ao Bolsa Família. Ele argumentou que não há previsão orçamentária para isso e, assim, o governo iria infringir regras fiscais.>
A 13º cota do benefício era uma promessa de campanha de Bolsonaro e foi paga apenas em 2019 por meio de uma MP (medida provisória). Durante a tramitação no Congresso, senadores e deputados discutiam propor que a parcela extra fosse estabelecida para todos os anos seguintes.>
Aliados de Bolsonaro, no entanto, se articulavam para impedir que a proposta fosse votada. A ordem era do Palácio do Planalto. Isso porque a equipe econômica já tinha dificuldades em encontrar espaço no Orçamento para ampliar benefícios sociais.>
Por causa da atuação do governo, ficou previsto em lei apenas o pagamento da 13ª parcela em 2019 para os beneficiários do Bolsa Família --como queria o Palácio do Planalto.>
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), também declarou nesta sexta que o Executivo é contra votar a proposta no plenário que poderia conceder uma cota extra ao programa social em 2020 e que, a depender do apoio de deputados de centro e esquerda, poderia também prorrogar o auxílio emergencial.>
Com a manifestação clara de Barros contra as medidas, Maia indicou que não deve colocar o projeto em votação e ressaltou que, apesar da declaração de Bolsonaro, o líder do governo expôs o que pensa o Palácio do Planalto: posição contrária ao 13º do Bolsa Família e a favor do fim do auxílio emergencial em 2020.>
Em sua transmissão semana pela internet na noite desta quinta-feira (17), Bolsonaro afirmou: "Você está reclamando do 13º do Bolsa Família, que não teve. Sabia que não teve este ano? Foi promessa minha? Foi. Foi pago no ano passado? Mas o presidente da Câmara deixou caducar a MP. Vai cobrar de mim? Cobra do presidente da Câmara, que o Supremo agora não deu o direito de ele disputar a reeleição. Cobra dele".>
Maia reagiu: "Nunca imaginei que Bolsonaro fosse mentiroso", disse o presidente da Câmara ao jornal Folha de S.Paulo, na noite de quinta.>
Deputados avaliam que o embate foi mais um episódio da disputa envolvendo a sucessão na Câmara. O mandato de Maia termina em fevereiro de 2021. Bolsonaro quer eleger um aliado, o líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL). Maia tenta eleger um sucessor, independente ao governo.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta