Publicado em 28 de fevereiro de 2020 às 15:23
A taxa de desemprego iniciou 2020 mantendo tendência de queda. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tinha 11,2% de desempregados no trimestre encerrado em janeiro, contra 11,6% nos três meses até outubro. >
A queda, porém, foi impulsionada pela redução no número de pessoas procurando emprego no país e ainda traz efeitos das contratações temporárias nos últimos dois meses de 2019, disse nesta sexta (28) a analista do IBGE Adriana Beringuy. >
A taxa de desemprego ficou um pouco abaixo das previsões de mercado. Analistas ouvidos pela Bloomberg estimavam taxa de 11,3%. No trimestre encerrado em janeiro, segundo o IBGE, 11,9 milhões de brasileiros procuravam emprego no Brasil, um redução de 453 mil em relação ao trimestre encerrado em outubro.>
O número de pessoas consideradas fora da força de trabalho ?aqueles que não têm interesse em buscar emprego? subiu 1,3%, ou 873 mil pessoas, e atingiu novo recorde de 65,7 milhões de pessoas. "A menor procura por trabalho em janeiro foi definitiva para a redução da taxa [de desemprego]", afirmou Beringuy.>
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Ela diz que é um movimento normal em janeiro, mês de férias escolares, mas que o movimento percebido este ano foi mais o intenso da série histórica iniciada em 2012. O indicador reúne pessoas que não tiveram interesse em buscar trabalho no período da entrevista.>
Os dados divulgados pelo IBGE reforçaram tendência de melhora no contingente de trabalhadores formais, com alta de 1,5% entre os empregados do setor privado com carteira de trabalho, e de 5,2% nos trabalhadores por conta própria com CNPJ.>
Foi o primeiro aumento no contingente de trabalhadores com carteira assinada em um trimestre encerrado em janeiro desde 2014.>
O indicador, porém, ainda pega efeitos de contratações temporárias para o Natal, já que inclui os dois últimos meses de 2019. A melhora na formalização já havia sido captada também na pesquisa do trimestre encerrado em dezembro, quando a taxa de desemprego ficou em 11%.>
"O resultado está muito influenciado pelo aumento da carteira assinada em novembro e dezembro", disse Beringuy. "Então, não podemos ainda afirmar que o ano de 2020 inicia-se com sustentabilidade da carteira. A gente está vivendo um momento de indefinição.">
Na comparação com o trimestre anterior, houve crescimento no número de trabalhadores do setor privado com carteira assinada (504 mil pessoas) e de trabalhadores por conta própria com CNPJ (258 mil pessoas).>
Os dados do Caged (Cadastro Geral do Emprego e Desemprego), principal indicador do governo sobre a abertura e fechamento de vagas com carteira assinada, só serão divulgados em março, já que o sistema de coleta de dados está sendo transferido para o novo eSocial.>
No trimestre encerrado em janeiro, disse o IBGE, a taxa de informalidade caiu para 40,7% da população ocupada, ante 41,2% do trimestre móvel anterior. Ao todo, 38,3 milhões de pessoas no país tiraram seu sustento em ocupações informais.>
Houve queda em praticamente todos os setores considerados informais, com destaque para trabalhadores do setor privado sem carteira assinada (queda de 1,5% ou 179 mil pessoas) e trabalhador familiar auxiliar (-6,2%, ou 130 mil pessoas).>
A redução da informalidade e o aumento no número de trabalhadores com carteira assinada melhorou o indicador de contribuição para a Previdência, que chegou a 63,1% da população ocupada no trimestre encerrado em janeiro.>
A taxa de subutilização da força de trabalho também recuou, chegando a 23,2%, 0,6 pontos percentuais a menos do que o registrado no trimestre encerrado em outubro. O indicador inclui as pessoas que estão procurando emprego, as que gostariam de trabalhar mas desistiram de procurar emprego e aquelas que trabalham menos do que gostariam.>
O rendimento médio do trabalhador brasileiro ficou em R$ 2.361, estável em relação aos R$ 2.317 do trimestre encerrado em outubro, segundo o IBGE. >
Beringuy disse que ainda é cedo para avaliar se a situação do mercado de trabalho vai melhorar em 2020, já que a taxa de janeiro tem efeitos do fim de 2019. "A gente entra em 2020 com um janeiro muito influenciado pelo fim de 2019", afirmou.>
Ela explicou, por exemplo, que não é possível prever se as pessoas que saíram da força de trabalho vão se manter nessas condições ou voltarão a procurar trabalho durante o ano. "Tem um efeito sazonal que compromete qualquer análise", reforçou.>
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