Publicado em 13 de junho de 2022 às 21:28
A empresa de cibersegurança ISH Tecnologia diz ter encontrado dois bancos de dados de brasileiros sendo vendidos na internet.>
Um deles, que está sendo ofertado por US$ 600, seria do Siape (Sistema Integrado de Administração de Pessoal), empacotaria dados de um vazamento de 2020 com informações de servidores públicos federais e aposentados.>
Com base na publicação do usuário, a empresa afirma ainda que o outro pacote engloba dados do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) - a entidade, porém, nega que tenha ocorrido vazamento de seus dados.>
"Não é a verdadeira a informação da venda de dados pessoais provenientes do SPC", afirma o serviço em nota. "Foram realizadas as análises técnicas para apuração do caso, e o relatório conclusivo indica que os dados pessoais divulgados não possuem origem e correlação com a base de dados do SPC Brasil.">
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Os dados não passaram por análise da ISH Tecnologia. A empresa não sabe dizer quantas pessoas seriam afetadas pelos pacotes à venda.>
As publicações teriam sido feitas no final de junho em um fórum de crimes cibernéticos criado no primeiro trimestre de 2022.>
Os dados já saíram da dark web e estão na deep web, ou seja, um espaço de acesso mais fácil. Segundo o diretor de inovação da ISH Tecnologia, Leonardo Camata, é como se os dados estivessem emergindo para uma superfície mais navegável e exposta, como os sites que achamos em uma pesquisa no Google.>
"Quando tem um vazamento desse tipo, essa informação vai parar lá na dark web, fóruns mais barra-pesada", afirma Camata. Para acessar a dark web é preciso de tecnologias específicas.>
Embora seja usada, em alguns casos, para driblar a censura ou garantir a comunicação de pessoas perseguidas por governos, por exemplo, a dark web também tem comunidades voltadas para atividades ilegais, diz Luis Corrons, Pesquisador Adjunto Sênior da Avast.>
"Ao longo dos anos, testemunhamos como grandes quantidades de informações pessoais foram vendidas na dark web, muitas delas provenientes de violações de dados", afirma.>
Na deep ou na dark web, muitos desses fóruns são de difícil acesso e operam por meio de convite. O identificado pela ISH Tecnologia pode ser acessado por qualquer pessoa, segundo Camata.>
Na publicação, de acordo com a empresa, os criminosos disponilizam um canal de contato via Telegram e pedem o pagamento via criptomoedas, para dificultar a rastreabilidade.>
"Essas vendas ocorrem por reputação", afirma o Camata. Ou seja, o nível de confiança que o vendedor tem naquela comunidade.>
O comprador pode ser alguém com pouca familiaridade com tecnologia, mas que tem interesse na informação para aplicar golpes.>
"O vazamento de dados não é o final da fraude", afirma ele. Com mais informações, as fraudes ficam mais refinadas. Uma ligação que identifique o CPF e a data de nascimento da vítima, por exemplo, é mais crível do que um e-mail que pede para o usuário clicar em um link.>
"O Brasil foi um dos últimos países que adotou uma lei como a Lei Geral de Proteção de Dados", afirma ele sobre o texto aprovado em 2018. A LGPD permite ao cidadão exigir de empresas públicas e privadas informações claras sobre quais dados foram coletados, como estão armazenados e para que finalidades são usados.>
Soma-se a isso a vulnerabilidade dos dispositivos. Camata diz que os brasileiros ainda não se acostumaram a aplicar procedimentos de segurança, como pedir verificação em duas etapas em seus aplicativos e usar senhas diferentes para várias contas. "A cultura demora para ser transformada", afirma ele.>
Diante do volume de vazamento de dados dos últimos anos, Camata afirma que a melhor precaução é partir do princípio de que qualquer novo contato pode ser malicioso, seja por e-mail, mensagem ou telefonema.>
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