Publicado em 21 de julho de 2020 às 20:52
A proposta da reforma tributária entregue pelo ministro Paulo Guedes (Economia) ao Congresso nesta terça-feira (21) foi considerada tímida por parlamentares, que defendem medidas mais ambiciosas.>
Relator da comissão mista da reforma tributária, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) disse que as declarações de Guedes corroboram a ideia de uma reforma abrangente.>
"Minha visão é tratar a reforma ampla que possa corrigir distorções que estão presentes no nosso sistema tributário", disse.>
Ele trabalha com a expectativa de concluir as discussões da reforma neste ano e promulgar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) nas duas Casas também em 2020, para que a transição comece em 2021.>
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O deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da comissão mista da reforma tributária Pedro Ladeira/Folhapress 0 "Estamos num momento em que é preciso mudarmos a estrutura do país de forma a termos um sistema tributário que traga mais simplicidade, mais transparência, mais justiça tributária, e que nos dê sobretudo previsibilidade e segurança jurídica.">
O projeto de lei unifica PIS e Cofins para criar a CBS (Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços). A alíquota ficou em 12%.>
O tributo deve ser aplicado de forma linear, em todos os setores. A decisão representa um recuo em relação a estudos que vinham sendo feitos pela equipe econômica para aliviar áreas mais impactadas, como o setor de serviços.>
Para Otto Alencar (PSD-BA), líder do partido no Senado, ao tratar apenas de tributos federais, o texto do governo já chega com dificuldades diante do Congresso.>
"A reforma veio fatiada para a fusão do PIS e do Confins. Ela chega atrasada porque se fala disso desde o ano passado, quando era mais viável aprovação do que neste ano", afirmou.>
Embora defenda a necessidade de uma mudança no setor, Alencar considera difícil que a proposta seja analisada durante a pandemia causada pelo novo coronavírus.>
"É um ano muito complicado para se fazer reforma tributária. Não vejo nenhuma condição de discutirmos isso agora. Não por parte da nossa bancada", disse.>
Desde o ano passado, o governo promete enviar uma proposta de reforma tributária, mas o debate foi adiado por uma série de fatores, como o prolongamento das discussões das mudanças na aposentadoria, que duraram mais do que o previsto pela equipe econômica.>
A ideia de Guedes, então, foi fatiar a reforma tributária e começar pela parte com menor resistência no Congresso: junção de PIS e Cofins em um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) federal.>
Por alterar apenas os tributos federais, a medida foi apresentada por meio de um projeto de lei, que tem tramitação mais simples e célere do que uma emenda à Constituição.>
Na análise do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), o texto apresentado pelo governo foi tímido, ao não propor mudanças que atinjam também tributos estaduais e municipais.>
"O texto me parece tímido pelo que pode ser feito. Não concordo com o fatiamento, porque ele dificulta muito a compensação dos setores atingidos", disse.>
O líder do MDB na Casa, Eduardo Braga (AM), defendeu uma reforma feita entre todos os setores. "Tem de ser uma proposta em conjunto. Só haverá uma reforma", disse.>
Para Jorginho Mello (SC), líder do PL no Senado, os congressistas precisam analisar o real tamanho da reforma. Segundo ele, não há pressa para que o tema seja apreciado no Congresso, desde que contemple mudanças de forma mais ampla.>
"Temos de fazer uma reforma única. É preciso ver o tamanho da reforma. Temos de diminuir a burocracia, para quem paga conta no Brasil ficar mais aliviado.">
Para o deputado Pedro Paulo (MDB-RJ), o texto do governo é importante para que o Congresso se debruce sobre as ideias do Executivo. "Agora, que todas as peças estão no tabuleiro, é com o Parlamento entregar uma reforma tributária ambiciosa para o Brasil.">
Líder do Cidadania na Câmara, o deputado Arnaldo Jardim (SP) considerou o envio do texto o primeiro passo.>
"Vamos defender que não se tenha nenhum tipo de CPMF", afirmou. "E, principalmente, voltar nossos olhos para aliviar a tributação sobre salários e, em vez disso, taxar rendas [ganhos extras]. Essa é a grande inversão que temos de fazer dos tributos no país e acho isso muito possível", disse.>
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