Publicado em 4 de fevereiro de 2019 às 01:31
Muitas vezes, cascas de vários alimentos são descartadas por serem consideradas sem uso. Mas no caso das sobras de cacau e maracujá, a história está sendo diferente. Pesquisadores do Estado estudaram o uso de suas cascas na alimentação do gado e constataram que elas podem integrar a dieta dos animais em períodos de seca e escassez de alimentos.>
Durante os longos períodos de estiagem, como a seca de 2014 a 2017, a oferta de pastagem acaba sendo reduzida devido à falta de água no campo. E como muitos criadores de gado também possuem plantações de cacau nas propriedades, o uso da casca torna-se um grande potencial e alternativa para a alimentação do rebanho.>
Só no ano de 2017, por exemplo, o Estado produziu seis toneladas de amêndoas de cacau, de acordo com os dados preliminares do Censo Agro 2017 do IBGE. A plantação de maracujá no Estado também não fica muito atrás, produzindo oito toneladas por ano.>
De acordo com a zootecnista do Incaper e doutora em Nutrição e Alimentação Animal, Mércia Regina Pereira de Figueiredo, responsável pela pesquisa, são utilizados basicamente dois tipos de alimentos na dieta dos animais: o volumoso e o concentrado.>
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O concentrado é utilizado em menor quantidade e pode representar até 40% da alimentação do animal. Já o volumoso compõe o restante da alimentação. No estudo fizemos uma proporção de 20% de concentrado para 80% de volumoso para novilhas leiteiras", explica.>
O concentrado é o alimento rico em proteínas e que fornece energia para o gado, enquanto o volumoso é mais fibroso e tem maior volume.>
As casas de maracujá e de cacau podem ser usadas in natura. No caso do cacau, quem tem plantação para a venda das amêndoas, pode colher o fruto no ponto de corte. Depois de separar a casca das sementes, as cascas precisam ser picadas ou moídas para alimentar o gado.>
A especialista aconselha ainda que a porção de casca de cacau a ser usada para alimentar o gado deva ser equivalente a, no máximo, 16% do total do alimento volumoso que o animal vai consumir. Ou seja, a cada 100 quilos de composto volumoso, 16 quilos podem ser de casca de cacau e os outros 84 quilos, capim.>
Já no caso do maracujá, a porção será praticamente o dobro da de cacau. A cada 100 quilos de volumoso, 64 quilos de capim e 36 quilos podem ser da casca do maracujá, o que representa 36% da porção servida. A casca do maracujá pode ser empregada em maior quantidade do que a do cacau porque ela é mais rica: além de ter carboidrato mais solúvel, os animais gostam do sabor dela, explica.>
MANEJO>
Ambas as cascas podem ser oferecidas separadamente para o animal ou misturadas a outros componentes da alimentação dele, como milho, farelo de soja, capim, entre outros. Ele deve ser adequado para a forma como é feito o manejo do gado, aponta.>
Outra forma de implementar a casca do cacau na alimentação dos animais é em farinha. Queremos fazer com que o produtor tenha uma alternativa de alimentação na época de seca ou quando não há pastagem a partir de algo que seria descartado por ele, conta.>
A especialista adverte que a implementação não deve ser feita em vacas leiteiras. Essas cascas são para o caso de escassez de alimento na época de seca. Eles devem ser usados para animais menos exigentes. Já para os mais exigentes, como vacas leiteiras, não é recomendado, aconselha.>
SAIBA MAIS>
Complementação>
As cascas do maracujá e do cacau devem ser usadas como alternativa de alimentação de ruminantes na época de seca ou quando não há pastagem.>
Exceção>
Ele não deve ser inserido na alimentação de vacas leiteiras.>
Cacau>
Em 2017, o Estado produziu seis toneladas de amêndoas de cacau, de acordo com o IBGE. O produto é usado principalmente para a fabricação de chocolate e as cascas são descartadas.>
Porção>
A porção de casca de cacau que pode ser usada deve ser equivalente a, no máximo, 16% do total do alimento volumoso (mais fibroso e em maior quantidade) que o animal vai consumir.>
Maracujá>
O Estado produziu oito toneladas de maracujá, em 2017, de acordo com o IBGE. A polpa é usada na indústria alimentícia para a fabricação de sucos e polpas.>
Porção>
Para uma porção de 100 quilos de volumoso que o animal consome, o produtor pode colocar a proporção de 64 quilos de capim e 36 quilos da casca do fruto.>
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