Publicado em 27 de abril de 2020 às 11:01
BRASÍLIA - Em meio aos rumores de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediria demissão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (27) que seu auxiliar é o "homem que decide economia".>
"O homem decide economia no Brasil é um só, chama-se Paulo Guedes. Ele nos dá o norte, nos dá as recomendações e o que nós realmente devemos seguir", disse Bolsonaro após uma reunião no Palácio da Alvorada com Guedes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner Rosário.>
Nos últimos dias, surgiram rumores de que Guedes poderia deixar o governo. Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo no sábado (25), o ministro partiu para o ataque contra Rogério Marinho, ex-secretário especial de Previdência e Trabalho e ministro do Desenvolvimento Regional. Eles eram aliados.>
Contrariado com o que chama de deslealdade, Guedes alertou Jair Bolsonaro e o ministro Braga Netto (Casa Civil) para o fato de que o programa Pró-Brasil não sairá do papel. O plano não avança, pelo menos da forma como foi apresentado.>
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Comércio durante a pandemia de coronavírus
O ministro da Economia se indignou com as articulações de Marinho. Com a crise do novo coronavírus, o ex-parceiro de Ministério da Economia, responsável por coordenar a reforma da Previdência, passou a procurar colegas de Esplanada, especialmente militares. Nas conversas, Marinho dizia que "era hora da gastança".>
A gota d'água, no entanto, foi a proposta de Marinho. O ministro do Desenvolvimento Regional prevê 21 mil empreendimentos, a um custo total de R$ 185 bilhões até 2024.>
Desse total, são R$ 157 bilhões em novas obras. A ideia seria complementar o Orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional em R$ 33 bilhões -dos quais R$ 7 bilhões a mais neste ano.>
Para Guedes, a manobra seria uma tentativa de Marinho de se cacifar ao lado de Bolsonaro e militares. Estariam no horizonte, na visão dele, voos mais altos, como até tomar sua cadeira.>
Na sexta-feira (24), o Palácio do Planalto amenizou o conflito com a Economia. Braga Netto, a quem Bolsonaro delegou o Pró-Brasil, reafirmou o compromisso do país com o teto de gastos.>
A regra, definida em lei, estabelece critérios para o crescimento das despesas. Elas só podem ser corrigidas pela inflação do ano anterior.>
No contexto da pandemia, Guedes entende que parte da agenda liberal teve de ser suspensa para que seja resolvido o problema emergencial do novo coronavírus.>
Para isso, ele aceita, por exemplo, os argumentos apresentados pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que pretende aumentar os gastos com obras, mas dentro do teto estabelecido.>
Guedes disse nesta segunda, ao lado de Bolsonaro, que o governo segue "a mesma política econômica", pediu que os servidores públicos façam um "sacrifício" e que não peçam aumento, já que não terão corte de salário, e minimizou a tensão sobre o Pró-Brasil, chamando o programa de "estudos adicionais".>
"Para quê falar em derrubar o teto se é o teto que nos protege contra a tempestade", afirmou nesta manhã o ministro. "Não podemos fazer um Plano Nacional de Desenvolvimento porque nossa direção é outra", disse Guedes, destacando que o governo atua "sempre dentro da responsabilidade fiscal".>
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