Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 12:14
- Atualizado Data inválida
O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Santander são os líderes da nova edição do ranking socioambiental de instituições financeiras feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) em parceria com instituições internacionais. O relatório, a ser divulgado nesta terça (9), mostra avanço geral das nove instituições financeiras avaliadas em relação à última edição. No entanto, a média local ainda é ruim, diz Gustavo Pereira de Melo e Souza, pesquisador do Idec e um dos autores do estudo. "O cenário é de melhora gradual e muito lenta." >
O guia joga luz em pontos sensíveis e que ganharam os holofotes por conta da pandemia, com a temática ESG (meio ambiente, sociedade e governança, na sigla em inglês) se tornando pauta obrigatória. Dentre os achados da atual edição está o fato de que a maioria dos bancos não tem mulheres em seus conselhos e falham na equidade de gênero em suas equipes, a falta de políticas voltadas a reduzir de fato as mudanças climáticas e a transparência limitada sobre políticas de financiamento ao setor de armas.>
Segundo o pesquisador do Idec, todos os bancos tiveram evolução em relação a 2018: as exceções foram dois bancos públicos, o líder BNDES e a Caixa Econômica Federal, 6.ª colocada. Entre todos os bancos pesquisados, o maior avanço foi o do BTG Pactual, que saiu da lanterna para a sétima colocação. O salto de 0,6 ponto porcentual da instituição, aponta Melo e Souza, foi reflexo da adoção dos Princípios do Equador para a seleção de projetos de crédito. >
Os bancos foram selecionados por serem os maiores em ativos totais. Juntos, representam 78% dos ativos e 80% da carteira de crédito de conglomerados financeiros. Para realizar o guia, além da coleta de informações públicas, foram enviados questionários às instituições. A avaliação se estendeu de maio de 2020 a janeiro de 2021. O ranking é realizado em parceria com a Conectas Direitos Humanos, o Instituto Sou da Paz e a Proteção Animal Mundial.>
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Entre os pontos positivos para os bancos brasileiros, segundo o Idec, está a adesão dos bancos analisados ao Global Reporting Initiative (GRI), com diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, além de produtos financeiros que visam a redução de gases do efeito estufa. Por outro lado, apenas Santander e Safra têm políticas sobre financiamento de armas. De forma geral, faltam políticas entre os bancos de inclusão da população LGBTQI+ e de pessoas com deficiência. >
A paridade de gênero nas instituições, de maneira geral, é considerada ruim. Pesou contra o fato de a representatividade feminina nas diretorias não chegar a 30% em nenhum dos avaliados. Além disso, a maioria não informa quantos de seus diretores ou superintendentes são negros. Por fim, mais da metade dos bancos sequer publica políticas específicas para crédito a setores que têm forte impacto no ambiente, como petróleo e mineração.>
Procurada, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) disse que o setor bancário, nos últimos anos, lançou diversas iniciativas voltadas à sustentabilidade. A entidade destacou que estabeleceu diálogo com o Idec para ampliar engajamento nos próximo guias. O BNDES disse ter "grande satisfação" em ser o banco mais bem avaliado no estudo, mas frisou que ainda vê espaço para melhorar suas políticas.>
O BB afirmou que "tem uma longa e sólida trajetória no tema e tem sido reconhecido continuamente por integrar a sustentabilidade na estratégia". O Bradesco disse que "tem como missão contribuir com o desenvolvimento sustentável" e com uma economia mais inclusiva. O BV diz ter criado um comitê de sustentabilidade, com participação de executivos e colaboradores, além de adotar uma nova estratégia ESG. >
Os demais bancos não se pronunciaram.>
Os bancos brasileiros ampliaram os cuidados com o meio ambiente, a sociedade e a governança, mas ainda estão aquém de práticas observadas no exterior. A nova edição do Guia dos Bancos Responsáveis, iniciativa presente em 13 países, liderada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), mostra que o desempenho médio dos nove bancos, numa escala de 0 a 10, ficou em 3,2. Ou seja: um resultado "32% responsável", pequeno avanço de 2 pontos porcentuais em relação ao levantamento de 2018.>
Apesar de, em termos práticos, o avanço ser tímido, o Idec aponta que, em meio à pandemia, aumentou a cobrança de investidores estrangeiros em relação ao meio ambiente, em especial a Floresta Amazônica, e os bancos passaram a ser mais claros em relação ao assunto. >
Se em 2018 esse tema era uma nota de rodapé, em 2020 virou prioridade. "Houve avanço, mas ainda insuficiente para melhora da nota. Os bancos dão muita ênfase às questões operacionais, como a diminuição do uso da energia e criação de novos produtos, mas que são pequenos dentro de toda a cadeia do banco", diz o pesquisador do Idec e um dos autores do estudo, Gustavo Pereira de Melo Souza.>
Além do Brasil, foram analisados países como Bélgica, Alemanha, Índia, Indonésia, Japão, Tailândia, Vietnã, Filipinas e Camboja, Holanda, Suécia e Noruega, com apenas os últimos três com notas acima de 5.>
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