Publicado em 23 de março de 2020 às 11:28
BRASÍLIA - O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central avaliou que a piora na economia global, causada pelo coronavírus, a necessidade de aumento de gastos no Brasil e ainda a paralisação das reformas limitam a queda da taxa de juros no país.>
Na ata da reunião que decidiu pelo corte de 0,50 ponto percentual da Selic, para 3,75%, o BC apontou que esses fatores impediriam a queda do juro estrutural no país. O juro estrutural é aquele considerado neutro, que não estimula e nem reduz a atividade econômica.>
Bolsonaro e o coronavírus
"O Copom entende que a atual conjuntura prescreve cautela na condução da política monetária, e neste momento vê como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar", escreveu o Copom na ata.>
Um corte maior no juro, segundo o Copom, poderia ter o efeito oposto ao desejado: reduzir a liquidez (a oferta de dinheiro) em vez de aumentar, para estimular a economia.>
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"O Comitê ponderou que uma redução da taxa básica de juros além de 0,50 ponto percentual poderia tornar-se contraproducente e resultar em apertos nas condições financeiras, com resultado líquido oposto ao desejado", escreveu o Copom em nota.>
A queda na taxa de juros brasileira, que levou a Selic à mínima histórica, foi associada a uma agenda de reformas que permitiriam o reequilíbrio das contas públicas. Após as novas regras de aposentadoria, porém, não foram aprovadas novas medidas. E, com o surto de coronavírus, a discussão de reformas no Congresso deve ser completamente interrompida.>
Segundo os membros do Copom, a pandemia do novo coronavírus afeta a economia brasileira por três canais. Por choque de oferta (redução da produção), nos custos de produção (queda nos preços das commodities, como petróleo) e por retração de demanda.>
Com as pessoas em casa e aumento do desemprego pelos comércios fechados, a tendência é que os brasileiros tenham menos dinheiro para consumir.>
Para compensar a redução de demanda, o Copom entendeu que deveria cortar os juros em mais de 0,50 ponto, mas essa redução maior na Selic esbarrou em um juros estrutural mais elevado.>
Alguns analistas do mercado financeiro esperavam um corte mais agressivo na Selic, especialmente depois que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) fez, em 15 de março, uma redução extraordinária dos juros nos EUA, levando a taxa para a faixa de 0% e 0,25%.>
Embora tenha sugerido em fevereiro que manteria a taxa Selic em 4,25% ao ano, o BC publicou, no início deste mês, em nota, que monitorava atentamente a pandemia e consideraria os efeitos da crise gerada pelo vírus no encontro seguinte, sinalizando novo corte -que se confirmou.>
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