Publicado em 3 de setembro de 2024 às 14:52
SÃO PAULO - Usuários de Apple Pay e Samsung Pay ainda não têm acesso garantido ao Pix por aproximação, próxima fase da tecnologia de pagamento do Banco Central que será ofertada a partir de fevereiro de 2025. As fabricantes, no entanto, negociam entrada no sistema.>
Ao contrário do Google, desenvolvedor do Android, Apple e Samsung ainda não se credenciaram junto ao BC como "iniciadoras de pagamento" e, pela regra atual, não poderiam oferecer o Pix por aproximação em suas carteiras digitais.>
O BC determinou que, para oferecer a ferramenta, as carteiras digitais terão que fazer parte do ecossistema do Open Finance, o que requer o cadastro junto ao órgão para "preservar a segurança e o sigilo do processo". Atualmente, Apple e Samsung não são instituições cadastradas no BC e não fazem parte do sistema Pix.>
As fabricantes, por outro lado, entendem que isso não seria necessário por considerarem que a funcionalidade terá uso muito similar aos cartões cadastrados na carteira Apple Pay, e a responsabilidade pelas transações seguiria com as instituições financeiras.>
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No caso do Pix por aproximação, porém, será necessário que o usuário vincule sua conta bancária à carteira digital, o que exige envolvimento maior da dona do sistema operacional.>
Com o Pix por aproximação, o BC quer facilitar o sistema de pagamentos, hoje condicionados ao escaneamento de QR Codes e à inserção de chaves, o que requer alguns passos adicionais dentro do aplicativo dos bancos.>
No novo sistema, o usuário irá cadastrar contas de sua preferência na carteira digital, que atuará como iniciadora de uma transação Pix, sem a necessidade de abrir o app do banco ou fazer uma transação manualmente. Será da mesma forma que os cartões cadastrados nos smartphones. Para a segurança dos usuários, uma senha, usualmente a do próprio aparelho, será requisitada a cada transação.>
No momento, Apple e Samsung estão em conversa com o BC para poderem ofertar o Pix por aproximação sem serem reguladas pelo órgão. Caso contrário, elas terão que tentar o registro, cuja aprovação pode levar meses.>
Sem o aval do BC, para que usuários dos aparelhos Apple usem a nova ferramenta, a empresa terá que liberar carteiras de outros desenvolvedores em seus dispositivos, como antecipado pelo Financial Times.>
Mas expectativa é que poucas carteiras digitais operem no iOS porque a gigante americana cobra uma que varia de 0,12% a 0,17% da transação.>
Segundo o setor financeiro, o custo da Apple fere o princípio de isonomia entre os pares, já que fintechs menores podem deixar de ofertar seus produtos para usuários de iOS por não conseguirem arcar com as taxas.>
Segundo Gabriela Szprinc, chefe de negócios e produtos da Dock, uma iniciadora de pagamentos habilitada, o processo de credenciamento para atuar como parceiro Apple é criterioso e poucas empresas devem conseguir passar no filtro. "Nós vamos tentar e estamos empolgados com a oportunidade.">
Procurada, a Apple não respondeu à reportagem se planeja se credenciar para atuar como iniciadora de pagamentos.>
A Samsung também não respondeu se irá habilitar o Samsung Pay. Todavia, donos de aparelhos da fabricante coreana podem baixar carteiras digitais já habilitadas, como a própria Google Pay.>
Interessada neste mercado, a big tech se adiantou e já oferece o pix por aproximação no Google Pay, em parceria com o C6 Bank e o PicPay.>
"A jornada sem redirecionamento, que acabamos de lançar, foi resultado de um processo de desenvolvimento técnico e regulatório longo, realizado junto com o Banco Central e com o restante da indústria", diz o Google em nota.>
Nessa única cartada, o Google arrematou a maior parte do mercado brasileiro de pagamento via carteiras digitais. De acordo com as estimativas da plataforma de monitoramento Sensor Tower, o PicPay detém a maior base de usuários no Brasil entre os aplicativos de carteira digital, com uma média de 21,8 milhões de usuários no primeiro semestre de 2024, seguido por Mercado Pago e Google Pay, com 18,5 milhões e 6,6 milhões, respectivamente.>
O Itaú também pretende se antecipar ao BC, lançando a funcionalidade do Pix por aproximação aos seus clientes em outubro. O banco ainda não detalha como funcionará a experiência, mas a expectativa do setor é que ela fique disponível apenas entre clientes Itaú e maquininhas da Rede, a credenciadora do banco.>
Procurado, o Banco Central não quis comentar.>
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