Publicado em 26 de outubro de 2020 às 19:25
O Ibovespa não resistiu à tarde ao aprofundamento das perdas em Nova York e acabou cedendo a linha dos 100 mil pontos no pior momento do dia, chegando a 99.761,84 na mínima desta segunda-feira, saindo de máxima a 101.783,79, com abertura aos 101.259,86 pontos. Ao final, o índice da B3 mostrava leve baixa de 0,24%, aos 101.016,96 pontos, bem moderada se comparada a recuo que chegou a 2,29% (Dow Jones) em NY, com perdas na Europa de até 3,71% (Frankfurt) na mesma sessão. Assim, o Ibovespa emendou a segunda perda, após quatro ganhos seguidos. >
O desempenho positivo do setor elétrico e, especialmente, de bancos assegurou alguma resiliência à B3, em dia de queda nas ações de commodities (Petrobras PN -1,56% e Vale ON -1,50%), assim como para as ações de shoppings (Multiplan -4,29%) e do segmento de viagens e turismo (CVC -4,25%), os mais diretamente afetados pelas restrições a movimento associadas à pandemia. Enfraquecido, o giro financeiro totalizou R$ 21,9 bilhões e, no mês, o ganho do Ibovespa está agora em 6,78%, com perda no ano a 12,65%.>
A aversão a risco no exterior foi o quadro de fundo para os negócios desde a manhã, em meio à segunda onda de covid-19 na Europa - pico de infecções na França e novo estado de emergência na Espanha - e com a eleição nos EUA batendo à porta no início da próxima semana.>
Mantém-se a percepção de que a contagem de votos pode ser colocada em questão como último recurso do presidente Donald Trump, caso se confirmem pesquisas que dão vantagem de 9 pontos ao adversário, Joe Biden. A massiva votação antecipada observada este ano pode ter efeito dual: por um lado, assegurar maioria de votos imune a questionamentos, caso se confirme liderança com folga, um "landslide"; e, por outro, um processo de apuração que tende a se alongar.>
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Neste ambiente conflagrado, a primeira vítima é o pacote de estímulos nos EUA, que deve ficar mesmo para depois de 3 de novembro, após idas e vindas nas expectativas do mercado nas últimas semanas. Chefe da assessoria econômica da Casa Branca, Larry Kudlow "sinalizou que o ímpeto acabou, e não deu nenhuma razão para otimismo de que um acordo será alcançado este ano", observa em nota Edward Moya, analista de mercado da OANDA em Nova York.>
Por aqui, além da expectativa positiva para os balanços do terceiro trimestre, a atenção se volta nesta semana para o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), ao final da reunião, na quarta-feira - espera-se algum sinal quanto a eventual aumento da Selic em 2021, ante o encurtamento de prazos e a elevação de custos para o financiamento da dívida pública, com R$ 643 bilhões em vencimentos no primeiro quadrimestre.>
"A inflação se tornou um ponto de atenção do nosso lado, com a leitura da última sexta-feira, acima do esperado para o IPCA-15, contribuindo para puxar o DI um pouco mais para cima. No exterior, há armas fiscais e monetárias para combater a crise, e os recentes PMIs da zona do euro, Alemanha, Reino Unido, acima do esperado, mostram isso. Nos EUA, ainda há expectativa para novo pacote, mesmo que leve mais tempo. Aqui, não temos o fiscal, e o monetário já não está tendo tanto efeito - se tiver inflação, o bicho pode pegar", observa Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Ideias de Investimento.>
Nesta segunda-feira, a relativa recuperação do setor bancário observada recentemente contribuiu para moderar as perdas do Ibovespa. Nesta segunda, destaque para Santander (+3,74%) e Bradesco PN (+1,24%) - apesar da recente busca por ações com desconto, o setor ainda permanece muito atrasado no ano, com perdas que chegam a 34,90% (BB ON) em 2020.>
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