Publicado em 4 de junho de 2020 às 15:18
A Alemanha ligou sua casa de força hoje com um pacote de estímulo de 130 bilhões de euros (cerca de R$ 754 bilhões) que envolve dinheiro para famílias com crianças, cortes de impostos e incentivos a carros elétricos entre outras coisas. É o primeiro país europeu a lançar um programa de investimento público na recuperação.>
O ministro da Economia, Peter Altmaier, chamou o plano de o "maior programa de estímulo de todos os tempos" ao apresentar o documento que ostentava na capa, em letras pretas grandes, o título "Kraftpaket Deutschland" (Alemanha Casa de Força).>
O ministro das Finanças, Olaf Scholz, afirmou que o objetivo é tirar o país da crise "com um kabum" (som de algo que explode).>
O choque de recuperação inclui cortar o imposto sobre valor agregado de 19% e 7% para 16% e 5% até o final de 2020, a um custo de 20 bilhões de euros, e pagar às famílias EUR 300 (cerca de R$ 1.700) para cada criança do país, um total de EUR 4,3 bilhões que deve se refletir no consumo.>
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Também foram anunciados investimentos de EUR 50 bilhões em tecnologias digitais ou de combate ao aquecimento global, e o subsídio para carros elétricos dobrou, de 3.000 para 6.000 euros, para veículos que custam 40 mil euros. Carros a diesel ou gasolina ficaram de fora do pacote, para frustração da indústria automobilística do país, responsável por fatia considerável das exportações alemãs.>
Haverá investimento de 2,5 bilhões de euros em infraestrutura para reabastecer os carros elétricos e em tecnologia de baterias e um esquema especial para substituir caminhões a diesel mais antigos, além de 1 bilhão de euros no financiamento de aeronaves que provoquem menos poluição atmosférica e sonora.>
O pacote inclui ainda um fundo de EUR 25 bilhões para emprestar a pequenas empresas que tenham queda abrupta de receita no segundo semestre, o que deve socorrer principalmente bares, restaurantes e hotéis. Para todas, as contribuições para a previdência social foram limitadas a 40% dos salários (até o teto) nos próximos anos.>
O setor público também foi incluído no socorro atual, com 10 bilhões de euros para compensar a perda de arrecadação e investir em infraestrutura e habitação.>
A Casa de Força é um passo além do programa de socorro para os danos da crise, de EUR 750 bilhões, voltado para manter fluindo o crédito para empresas e evitar demissões. A Alemanha é também o país da Europa que mais repassou recursos públicos a empresas afetadas pela pandemia até agora.>
A chanceler (equivalente a primeira-ministra) Angela Merkel havia prometido "medidas ousadas" para religar a economia alemã, que vinha engasgando desde o final do ano passado, antes mesmo de ser afetada pela pandemia de coronavírus.>
Com as medidas tomadas desde março, Merkel se afasta de vez da política de austeridade, que procurava evitar déficits nas contas públicas e aumento do endividamento. Desde o começo de 2020, o governo vinha sendo pressionado a gastar mais para reanimar a maior economia da Europa, em vez de manter superávits como o de 13,5 bilhões de euros em 2019, um número recorde que se seguiu a outros quatro anos seguidos de sobra nos cofres públicos.>
O megapacote é considerado também uma vitória política de Merkel, que precisou negociá-lo com os dois partidos que formam com a União Democrática Cristã a coalizão que governa o país: a CSU (União Social Cristã, da Baviera), também de centro-direita, e o SPD (Partido Social-Democrata), de centro-esquerda.>
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