Publicado em 17 de fevereiro de 2022 às 17:14
O chamado saque-aniversário se tornou uma alternativa ao saque tradicional do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que só é liberado ao trabalhador após a rescisão do contrato. Desde 2019, quem possui emprego com carteira assinada tem a opção de sacar parte do saldo do Fundo anualmente, no mês do seu aniversário. >
Escolhendo essa opção, o trabalhador tem a possibilidade de utilizar os recursos do saque-aniversário como garantia para concessão de empréstimo em instituições financeiras credenciadas com taxa de juros mensais reduzida. No entanto, economistas apontam que é preciso analisar bem antes de pedir a antecipação para que ela seja vantajosa.>
Essa antecipação das parcelas anuais é feita diretamente pelos bancos e tem ganhado força como uma opção de crédito barata, simples e acessível, diante da garantia que a instituição financeira possui de que receberá o valor. É similar ao que acontece com a antecipação da restituição do Imposto de Renda, por exemplo.>
Para pedir a antecipação é necessário, primeiramente, ser maior de 18 anos (ou emancipado), ter aderido ao modelo de saque-aniversário e possuir conta-corrente ou poupança no banco em que foi feita a solicitação. O contratante também precisa ter saldo de FGTS suficiente para quitar o empréstimo.>
>
Funciona como um empréstimo consignado, de modo que o valor da dívida é descontado automaticamente do saldo do FGTS do contratante. Desta maneira, ao término do empréstimo, o contratante não fica devendo.>
Por ser um crédito contratado com garantia, as taxas de juros são as menores do mercado, podendo variar de 0,99% a 1,99%. Todavia, é preciso analisar as condições com cuidado antes de antecipar, até porque ainda deve-se considerar o IOF, dado que o serviço é uma operação comercial.>
O valor mínimo do empréstimo varia de acordo com o banco. Na Caixa, por exemplo, a antecipação pode ser feita a partir de R$ 500. Além disso, cada parcela a ser antecipada deve ser de, pelo menos, R$ 300. >
As taxas de juros e o limite de parcelas antecipáveis também é diferente em cada instituição. Alguns chegam a emprestar o equivalente a sete parcelas do saque-aniversário.>
A Caixa, por exemplo, possibilita adiantar até três parcelas do saque, com taxa de juros de 1,49% ao mês. A instituição estuda ampliar o limite de antecipação para cinco parcelas a partir deste mês de fevereiro. >
Outros bancos como BMG e PAN trabalham com taxas de juros de 1,99% e cinco parcelas de antecipação.>
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon) Ricardo Paixão, explica que essa antecipação é feita com um recurso que pertence ao trabalhador, que está em sua conta no fundo e que ele receberia no futuro. >
Então, é preciso usar esse dinheiro de forma estratégica, como para quitar dívidas com juros mais altos ou despesas de última hora que podem te fazer ficar no vermelho.>
Ricardo Paixão
EconomistaRicardo chama atenção para o fato de que muitas vezes as pessoas antecipam os recursos para consumir, o que é preocupante uma vez que trata-se de uma reserva de emergência que não deveria ser usada para ampliar o consumo. >
"Qual o sentido do FGTS? Utilizar o dinheiro no momento que você está mais vulnerável. Antecipando você vai perder parte desse recurso, então por isso ele deve ser usado de forma inteligente.">
O ideal, portanto, é que a antecipação seja uma opção em caso de uma necessidade urgente. Apesar da facilidade, o trabalhador não pode esquecer que para isso pagará juros, pois trata-se de um empréstimo. Logo, quando é possível, convém esperar a data do saque anual.>
QUANDO VALE A PENA MIGRAR PARA O SAQUE-ANIVERSÁRIO?>
Para ter acesso à linha de crédito, é necessário optar pela modalidade do saque-aniversário, o que implica na perda do direito ao saque tradicional em caso de demissão.>
O trabalhador pode aderir a modalidade pelo site da Caixa Econômica Federal (Caixa), nos apps do banco, nas agências bancárias ou por meio do aplicativo FGTS. Quem opta pelo saque-aniversário e se arrepender pode voltar ao saque tradicional, na rescisão, mas é necessário esperar dois anos e um mês para ter acesso ao saldo total do fundo. >
Dessa forma, é recomendado que, antes de decidir pela migração, o trabalhador coloque na balança suas perspectivas em relação a permanência no emprego, o valor do saldo do fundo e destino do dinheiro, para então saber se seria uma boa ou não pedir o saque-aniversário.>
Eduardo Araújo, economista e conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), destaca que para aquelas pessoas que têm um saldo elevado no FGTS tende a ser mais vantajoso esperar por uma rescisão. Se o trabalhador acha que pode ser demitido sem justa causa, também não deve optar pelo saque-aniversário. >
Isso porque quem opta por esta modalidade e perde o emprego não pode sacar todo o saldo da conta do FGTS na demissão sem justa causa. Recebe apenas a multa de 40%.>
Já nos casos em que o saldo no Fundo de Garantia é pequeno e não há uma perspectiva de demissão no curto prazo, os especialistas apontam que a retirada pode ser positiva.>
No entanto, o ideal seria que esse dinheiro fosse empregado em uma alternativa de investimento mais rentável que o FGTS, mantendo esse recurso como uma "reserva de emergência", ou, em último caso, para quitar dívidas.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta