Administrador de Empresas (UERJ), pós-graduado em Engenharia Econômica (UERJ), certificado CFP® e Ancord. 21 anos de carreira no mercado financeiro, com passagens pelo atendimento Private, Alta Renda, Gestora de Recursos, Tesouraria e Educadoria Corporativa. Desde 2018, sócio da Pedra Azul Investimentos, escritório de assessoria de investimentos sediado em Vitória-ES.

Quebra de banco nos EUA pode repetir crise financeira de 2008? Entenda

Falência do Silicon Valley Bank (SVB) é a maior de um banco de crédito norte-americano em 15 anos, gerando preocupações em todos os mercados

Não se engane, quebra de banco é sempre perigoso. Principalmente, quando há risco de contágio para todo o sistema financeiro. E ainda mais quando começa no maior país do mundo. Já vimos esse filme antes.

No entanto, há diferenças marcantes entre esta crise e a de 2008. As duas tiveram o mesmo estopim: a alta da taxa de juros nos EUA. Quando o custo do dinheiro aumenta, o crédito fica mais difícil, as empresas têm maior despesa financeira e os títulos perdem valor. Em 2008, a subida da taxa básica americana, a aguda alavancagem no crédito imobiliário acompanhada pela securitização agressiva das hipotecas de pior rating levou a uma inadimplência sistêmica. Quem era prime (clientes de bom histórico) segurou o orçamento cortando de outros gastos — escola privada, carro, consumo. Quem era subprime (e tinha menos a perder) deixou a hipoteca ir para o espaço. Os bancos que estavam superalocados nesse tipo de papel balançaram feio e alguns quebraram.

Silicon Valley Bank (SVB), considerado o banco das startups e das empresas de tecnologia, foi fechado e tomado por reguladores federais
Silicon Valley Bank (SVB), o banco das startups e das empresas de tecnologia, foi fechado e tomado por reguladores federais . Crédito: Shutterstock

Agora, o SVB (Silicon Valley Bank) foi fechado pelos reguladores sem estar, a princípio, alavancado em crédito de má qualidade. Era uma instituição razoavelmente conservadora, voltada mais para a captação do que para o crédito. Os clientes do SVB eram muito ligados ao Venture Capital, uma atividade de risco e fortemente afetada pelos ciclos econômicos, e estes eram a maioria dos depositantes.

Na outra ponta, o SVB aplicava grande parte de seus recursos em títulos tidos como mais seguros, como os Treasuries. O problema é que boa parte desses títulos era de longo prazo e estava marcada no balanço como HTM (Held to Maturity), ou seja, esses títulos não eram marcados a mercado. A ideia inicial da instituição não seria vender esses papéis, principalmente em momentos como o atual, onde a alta das taxas de juros desvaloriza o preço dos títulos.

Então, com a retração dos investimentos de risco e a queda nas Bolsas americanas, somadas às maiores dificuldades enfrentadas pelas startups na condução dos seus negócios no ambiente atual, os saques aumentaram no SVB. Isso não seria problema, já que o banco tinha posição de títulos para honrar os depósitos. No entanto, a quantidade e volume de saques obrigou o banco a se desfazer de títulos classificados como HTM, a preço de mercado, contabilizando dessa forma a marcação a mercado que estava represada. Nesse ponto, o banco ficou insolvente.

A princípio, é uma situação mais branda do que do Lehman Brother, já que os depositantes terão, segundo o FED, seus depósitos honrados. Mas o risco de contágio existe. Por isso já começou a correria para apagar o incêndio.

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