É professor do Instituto Federal do Espirito Santo (Ifes)

Reformas liberais apontam para o fiasco da recuperação econômica

A baixa complexidade econômica da estrutura produtiva brasileira faz com que sejam gerados postos de baixa remuneração em nosso país

Publicado em 18/11/2019 às 04h00
Atualizado em 18/11/2019 às 04h00
Economia estagnada. Crédito: Divulgação
Economia estagnada. Crédito: Divulgação

Em matéria sobre o avanço da precariedade no mercado de trabalho brasileiro, publicada na "Folha de S.Paulo", no dia dez de novembro, consta o flagrante fiasco da recuperação econômica “reformista”. Desde 2016, o Brasil vem passando por reformas liberais que restringem a atuação do Estado em realizar políticas públicas sociais e anticíclicas. A reforma trabalhista, por sua vez, não reduziu a informalidade no mercado laboral, atualmente em 41%, segundo o IBGE.

De acordo com a matéria citada, assinada por Érica Fraga e Arthur Cagliari, “a fatia dos profissionais com ensino superior desocupados, desalentados ou subocupados por insuficiência de trabalho cresceu em ritmo muito mais rápido do que o universo de escolaridade que eles representam”. Ainda segundo a matéria, “com foco apenas no mercado formal, descortina uma outra tendência de inserção precária dos profissionais qualificados no mundo do trabalho”. O desperdício de capital humano é algo patente no Brasil. Em síntese, o mercado de trabalho brasileiro vem se consolidando como uma grande máquina de moer gente.

Conforme mostrou o IBGE, o desalento cresceu em todas as faixas de escolaridade. O seu salto mais marcante, de 875% entre o segundo trimestre de 2014 e o mesmo período deste ano, se processou entre a população em idade de trabalhar com superior completo. Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, afirmou na matéria que “um efeito colateral da crise é que profissionais deixam de acumular habilidades adquiridas pela prática do emprego ou por formação complementar”. A informalidade costuma ser comum para as menores escolaridades.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), publicada em outubro, a metade do Brasil vive com 413 reais ao mês. A ocupação laboral precária vem crescendo desde 2015. A renda domiciliar per capita dos 5% mais pobres caiu 3,8% entre 2017 e 2018, enquanto a renda da fatia do 1% mais rico da população cresceu 8,2%. O Brasil convive com desigualdades sociais extremas, conforme apontou o IBGE. No Estado do Espírito Santo, o quadro é similar.

A baixa complexidade econômica da estrutura produtiva brasileira faz com que sejam gerados postos de baixa remuneração em nosso país. Essa mesma estrutura produtiva é concentradora de rendas e riquezas, de acordo com a metodologia do Observatório da Complexidade Econômica desenvolvida no MIT.

A desindustrialização precoce brasileira integra esse complexo quadro de precarização do mercado laboral. Nesse sentido, as reformas liberais defendidas por alguns apontam no sentido do aumento das desigualdades sociais. O modelo mental desse campo ideológico é o Chile neoliberal, que entrou em insurreição social.

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