Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"Ghostbusters: Mais Além" é ótima sequência dos filmes clássicos

Dirigido por Jason Reitman, novo "Ghostbusters" dá sequência aos filmes dos anos 1980 com respeito e admiração, mas traz diversas novas possibilidades à franquia

Vitória
Publicado em 18/11/2021 às 20h44
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Filme "Ghostbusters: Mais Além". Crédito: Sony/Divulgação

A reinvenção dos “Caça-Fantasmas” lançada em 2016 sob o comando de Paul Feig e protagonizado por mulheres, apesar de todas as injustas críticas recebidas de quem considerava “um absurdo” ter mulheres como caçadoras de fantasmas, é um filme divertido. Apesar de ter arrecadado mais do que seu custo de US$ 145 milhões, não foi um filme rentável para o estúdio.

Com uma marca ainda forte em mãos, mas visando o lucro e querendo fugir de polêmicas, a Sony apostou na saída mais segura, uma continuação para os dois filmes lançados nos anos 1980, duas obras que despertam diversas memórias afetivas no público hoje adulto.

Assim, “Ghostbusters: Mais Além”, que chega nesta quinta (18) aos cinemas brasileiros, é uma sequência direta para as aventuras dos filmes anteriores. Como é regra nas obras que dão sequência às franquias clássicas, o filme também reinicia a franquia com novos personagens apresentando aquele universo para novas gerações.

No filme dirigido e escrito por Jason Reitman, filho de Ivan Reitman, diretor dos filmes originais, conhecemos Callie (Carrie Coon), uma mãe solteira falida que descobre que seu pai ausente morreu e deixou para ela uma herança na pequenina e rural Summerville. Despejada, ela leva os filhos Trevor (Finn Wolfhard, de “Stranger Things”) e Phoebe (Mckenna Grace, de “A Maldição da Residência Hill”) para morar na casa do avô, um sujeito estranho e de poucos amigos na cidade.

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Filme "Ghostbusters: Mais Além". Crédito: Sony/Divulgação

Por lá, enquanto Trevor, conduzido por seus hormônios, tenta conquistar Lucky (Celeste O’Connor), e Callie se envolve com o professor Gary (Paul Rudd), Phoebe é quem se interessa pelos estranhos acontecimentos na casa e na região. Não demora para descobrir que seu finado avô era o caça-fantasmas Egon Spengler (Harold Ramis, morto em 2014) e que ele estava em Summerville por um motivo específico: conter uma ameaça sobrenatural que ameaça a humanidade.

“Ghostbusters: Mais Além” é divertido desde seu início, com um texto cheio de boas sacadas. É interessante como o roteiro apresenta a franquia a partir das descobertas de Phoebe e seu amigo Podcast (Logan Kim) - a dupla vai descobrindo sobre fantasmas e apresentando ou reapresentando aquele universo e aqueles personagens. O recurso funciona muito bem tanto para mexer com a memória afetiva do público quanto para ambientar os não-iniciados, contando histórias dos anos 1980 que serão referências para o novo filme. Não é necessário ter visto os anteriores, mas é claro que todas as referências funcionam muito melhor para quem se lembra pelo menos um pouco da febre que foram os Caça-Fantasmas nos anos 1980 e 90.

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Filme "Ghostbusters: Mais Além". Crédito: Sony/Divulgação

É curioso, também, como, mesmo ignorando o filme de 2016, o novo “Ghostbusters” entrega o protagonismo a uma mulher. É Phoebe, retratada para imediatamente remeter a Egon, quem brilha e conduz toda a narrativa. Grace Mckenna é magnética em tela e dá um charme às peculiaridades da personagem, uma jovem genial que nunca se encontrou até encontrar o legado de seu avô.

O roteiro, escrito por Reitman e Gil Kenan é muito eficaz em ambientar o público em um novo cenário e no mundo em que os fantasmas caíram na descrença; assim como os “Ghostbusters”, eles agora são coisas do passado, das histórias contadas e resgatas como curiosidades em vídeos do YouTube. É fácil traçar paralelos entre os filmes, que possuem estrutura bem similar ao abrir a narrativa com um acontecimento, com uma ameaça, para apenas depois introduzir a família e seus dilemas.

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Filme "Ghostbusters: Mais Além". Crédito: Sony/Divulgação

Jason Reitman opta por efeitos práticos sempre que possível, até mesmo com animatrônicos, o que mantém o filme conectado a seus antecessores e também mais próximo da realidade. Assim, a ação nunca parece artificial, mesmo sendo óbvio que fantasmas e os feixes de prótons, por exemplo, são computação gráfica.

Com um núcleo de protagonistas jovens em uma cidade pequena, há momentos em que as similaridades com “Goonies” ou “Stranger Things” são inevitáveis e até bem-vindas, oferecendo um conforto ao espectador em um ambiente quase bucólico, bem distante da Nova York dos “Ghostbusters” originais.

O texto é feito para Mckenna Grace brilhar, mas há momentos para todos os atores, inclusive Paul Rudd, sempre ótimo em papéis com veia cômica. Ao trazer de volta algumas dinâmicas e alguns personagens, “Mais Além” acerta em ir além do easter egg com aparições, acontecimentos e personagens que ainda habitam aquele universo criado por Ivan Reitman e têm relevância nele.

“Ghostbusters: Mais Além” é um filme que trata seus antecessores com admiração, mas que tem força e brilho próprios. Jason Reitman entende o trabalho do pai e o reapresenta para um novo público, uma nova sociedade, com respeito e reverência. Há cenas e diálogos que vão colocar um sorriso no rosto de muito adulto nostálgico. Nostalgia vende e Jason Reitman entendeu bem isso ao pensar o filme como uma sequência às aventuras que já conhecemos, mas também como uma nova narrativa cheia de possibilidades. Ah… Há duas cenas pós-créditos; a primeira é uma grande brincadeira, mas a segunda, ao final mesmo dos créditos, indica os novos e animadores rumos da franquia.

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