Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

A "arma secreta" de Casagrande para conquistar empresários

Candidato à reeleição também desferiu ataques ao adversário, Manato (PL)

Vitória
Publicado em 18/10/2022 às 02h11
Renato Casagrande discursa no evento Diálogo com o Setor Produtivo
Renato Casagrande discursa no evento Diálogo com o Setor Produtivo. Crédito: Alexandre Mendonça

Depois que o candidato Manato (PL) falou a empresários durante o evento Diálogo com o Setor Produtivo, realizado pelo Fórum de Entidades e Federações (FEF), nesta segunda-feira (17), foi a vez de Renato Casagrande (PSB), que disputa a reeleição para o governo do Espírito Santo.

Ciente do que havia sido dito pelo adversário – um integrante da campanha do socialista ouviu tudo –, o socialista inseriu nas respostas sobre questões relativas à área econômica contrapontos e críticas ao candidato do PL.

A plateia era formada por empresários, representantes de boa parte do PIB do estado.

"Temos um estado equilibrado na área fiscal. Fui acusado, no primeiro turno, de ser um governante responsável. Tenho, sim, dinheiro em caixa. Não inicio obra se não tiver dinheiro em caixa, não começo um programa se não tiver dinheiro em caixa. A redução do ICMS (dos combustíveis, por exemplo) apliquei imediatamente (graças à reserva financeira)", pontuou, em meio a uma pergunta sobre Educação.

"Medidas boas adotadas pelo presidente da República (Jair Bolsonaro) eu adotei todas. Governador não é para fazer oposição ao presidente da República", complementou.

A estratégia permeou toda a apresentação. A ideia é frisar que apenas o candidato do PSB tem "capacidade de diálogo e equilíbrio emocional" para lidar com quem quer que seja o chefe do Executivo federal a partir do ano que vem, Lula (PT) ou Bolsonaro (PL).

Dirigindo-se aos empresários,  Casagrande questionou: "Trabalhamos juntos para tirar o estado das mãos do crime organizado, vocês nos ajudaram (referindo-se ao período anterior às últimas duas décadas) ... A gente não pode correr risco. Por que vamos interromper um processo de aperfeiçoamento institucional?".

"Temos um governo realizador, mas reconheço que um novo mandato não é um mandato de oito anos. É uma nova equipe. Ricardo vai me ajudar na área da Agricultura", frisou, na primeira menção à "arma secreta", que não é nenhum segredo: o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB), vice na chapa.

Ricardo foi ao evento, assim como outros aliados do governador, entre eles o deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil) e o secretário da Fazenda, Marcelo Altoé. O socialista também tinha sua claque na plateia.

Caberia a Ricardo, ao final, o discurso que, aparentemente, mais agradou ao público presente, que o recebeu com efusivos aplausos.

A lentidão no licenciamento ambiental foi um dos pontos criticados por Manato, que prometeu desburocratizar o processo. Casagrande, por sua vez, afirmou que encontrou o Iema (Instituto Estadual do Meio Ambiente), responsável pelas licenças, "na Idade da Pedra".

"A gente assumiu com o Iema destroçado, estamos tirando da Idade da Pedra e colocando sistema. Contratamos DTs, mas estamos fazendo concurso para o Iema", justificou.

"Hoje é um dia triste, lamentamos a morte de dois jovens policiais, mas fomos lá e prendemos as quatro pessoas envolvidas. Há crime organizado no estado, mas o crime organizado não está dentro das instituições (...) A gente não pode perder isso num debate superficial", afirmou Casagrande.

"Ele (Manato) está escondido na moita, atrás de Bolsonaro", afirmou, cutucando o adversário, que não estava mais presente. "A Le Cocq foi responsável por tirar a vida de muita gente".

A Scuderie Le Cocq foi um grupo de extermínio famoso nos anos 1990. Antes de Casagrande chegar, Manato já havia se antecipado e rebatido o fato de ter integrado a entidade. Garantiu que, lá, fez apenas filantropia. 

O candidato do PL também acusou o socialista de integrar o crime organizado e citou a prisão do ex-secretário da Fazenda Rogelio Pegoretti, sob suspeita de participação em fraude fiscal.

Casagrande foi questionado sobre corrupção em uma pergunta da plateia e mencionou o episódio. "Se alguém me apontar um erro eu não tenho compromisso com o erro (...) Foi a nossa Secretaria da Fazenda que identificou o desvio, foram os auditores da Sefaz. Isso é deixar a instituição funcionar. A pessoa (Rogelio) não estava mais no governo e vai responder na Justiça".

"Temos que escolher entre projetos. Entre quem tem interesse de aperfeiçoar as instituições e outro, que nos leva para instabilidade e insegurança", avaliou.

"RAINHA DA INGLATERRA"

Ao final, o vice na chapa poderia falar, se assim quisesse. O governador chamou Ricardo Ferraço que, ao ter o nome mencionado, foi bastante aplaudido.

O tucano tem bom relacionamento com o empresariado.

"Casagrande tem vice para ganhar a eleição e para ajudar a governar. Cada escolha tem consequência (...) Sei onde Casagrande e eu estávamos quando estávamos reorganizando o estado. Não sei onde o outro candidato estava", provocou.

"Vou ter uma conversa estilo Tramontina com vocês: minha ideologia é o resultado. Tenho impressão que estamos disputando a eleição com Bolsonaro. Estamos disputando com Manato (...) não somos manada. É preciso distinguir o debate local do debate nacional. Não tenho preocupação com o meu futuro. Tenho preocupação com o futuro do Espírito Santo", afirmou, no que irromperam aplausos, mais uma vez.

"Meu papel não será o de rainha da Inglaterra, até porque a rainha da Inglaterra se foi. Vou coordenar ações na agricultura e no desenvolvimento econômico. E um choque de gestão na área do meio ambiente", disse Ricardo.

Entre as propostas de Casagrande, que foram citadas além das críticas a Manato, estão a Escola do Futuro, "uma escola totalmente digital"; a construção de uma via estadual em alternativa à obra federal na BR 262, se esta demorar ainda mais a sair do papel; a criação de um comitê para debater com os representantes do setor da agricultura de três em três meses e a realização de concursos anuais para a Polícia Militar.

O FEF, que realizou o evento, é formado por ES em Ação, Federação da Agricultura e Pecuária (Faes), Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), Federação das Indústrias (Findes) e Federação dos Transportes (Fetransportes).

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.