Doutor em Doenças Infecciosas pela Ufes e professor da Emescam. Neste espaço, faz reflexões sobre saúde e qualidade de vida

Dengue está de novo entre nós. Por quê?

O Brasil ultrapassou meio milhão de casos prováveis de dengue, de acordo com dados atualizados do Ministério da Saúde. São mais de 512 mil casos suspeitos

Publicado em 15/02/2024 às 02h30

Nesta segunda-feira (12) de carnaval, o Brasil ultrapassou meio milhão de casos prováveis de dengue, de acordo com dados atualizados do Ministério da Saúde. São mais de 512 mil casos suspeitos, quase quatro vezes os 128 mil casos registrados no mesmo período do ano passado.

Até agora, 75 mortes foram confirmadas e outras 350 estão em investigação. Minas Gerais é o estado que registra mais casos de dengue. Depois vêm, em ordem, o Distrito federal (Brasília já tem hospital de campanha), Paraná e o Rio de Janeiro. O Espírito Santo é o sexto estado em registro de casos, com mais de 14 mil notificações.

Todos da área de saúde estão em alerta, afinal o ano passado foi recorde de mortes por dengue no Brasil. E neste ano, em janeiro, já quadruplicou a frequência de casos do ano do recorde de 2023 para o mesmo período! Aqui em nosso Espírito Santo já temos morte de criança confirmada e várias mortes em investigação.

Em vacinas temos duas novidades promissoras: A Qdenga da Takeda traz proteção contra casos graves em mais de 80%, com duas doses da vacina, em 3 meses de intervalo. O SUS começa uma vacinação agora para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Muito bem-vinda, mas a quantidade de doses disponível ainda é insuficiente.

Na rede privada, a farmacêutica Takeda não conseguiu garantir o abastecimento. Há uma nova vacina do Butantã, em só uma dose, que parece bem eficaz. Será analisada pela Anvisa no segundo semestre de 2024. Ainda não há vacinas em quantidade suficiente para quem precisa. Os grupos mais vulneráveis são crianças e idosos.

Na atenção à pessoa com dengue, tomar muito líquido salva vidas. São mais de 4 litros /dia, para pessoas com 70 Kg. Sais de reidratação oral e água de coco podem ser usados sem parcimônia.

Dengue
Dengue. Crédito: Shutterstock

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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