É psicóloga, psicanalista, entusiasta da maternidade, paternidade e mestre em Saúde Coletiva. Escreve sobre os bebês, as emoções, os comportamentos, os conflitos e dilemas contemporâneos do tornar-se família

É hora de uma conversa franca com seu filho durante a volta da escola

Há em todo esse exercício o mais valioso dos ensinamentos que os pais podem promover aos seus filhos, a garantia que serão suporte, apoio e segurança para qualquer questão que a criança tiver

Publicado em 31/01/2024 às 18h50
Crianças na escola
As aulas das crianças brasileiras começarão na próxima segunda-feira. Crédito: Shutterstock

As aulas das crianças brasileiras começarão na próxima segunda-feira. Ir à escola é um direito universal que felizmente nossas crianças podem contar. Para maioria das famílias, independente da condição financeira, imagino que alguns procedimentos já foram realizados.

Matrículas feitas, uniforme lavado e passado, material de uso diário devidamente organizado. Talvez nessa semana os pais já estejam sendo convocados para reuniões nas escolas, para conhecer os professores de seus filhos, bem como os demais funcionários, pessoas que passarão grande parte do dia juntos às crianças.

Agora a pergunta que faço é direcionada para os pais, mães ou a pessoa que for responsável pelas crianças e adolescentes: "Já tiveram a oportunidade de conversar com os seus filhos sobre o que é uma escola?".

"O que é uma escola, e qual a expectativa que vocês têm em endereçar sua criança a essa instituição?". Vocês já se fizeram essas perguntas? Elas são importantíssimas.

As respostas podem parecer óbvias, mas cada família tem uma perspectiva e uma expectativa acerca da função da escola. Você pode responder que a escola é o lugar aonde as crianças vão para receberem educação. Daí a gente tem um grande dilema. A função da escola é ensinar conteúdos pedagógicos e modos de vida em coletividade, essa, ampliada ao modelo que a família já apresenta à criança. Embora exista um ditado popular que erroneamente insiste em afirmar que família é tudo igual, na verdade, cada família é única.

Na família é o lugar onde devemos aprender que não somos o centro do mundo, e que ao ampliarmos nossas vivencias coletivas, e ir à escola é a primeira delas, é necessário o exercício mais primário de educação, que é a tolerância.

Para além da função da escola, e as expectativas que cada família lança a essa instituição, eu faço mais uma questão. E essa não é de múltipla questão, mas sim discursiva, literalmente.

Vocês já conversaram com seus filhos sobre as dificuldades que eles tiveram no ano letivo anterior? Já as identificaram e buscaram modos de cuidar das fragilidades apresentadas? Conseguiram fazer interlocução com a escola, acerca dessas questões. A criança se sentiu segura e acolhida com a condução que a família e a escola promoveram na resolução dessas dificuldades?

Leram juntos às suas crianças o caderno de direitos e deveres que as escolas entregam todos os anos? Seus filhos conhecem “as leis” da escola? Conversaram com seus filhos sobre respeito, tolerância às diferenças? Ensinaram seus filhos como agir quando sentirem que sua demanda não está sendo legitimada pelo adulto responsável, a saber, os professores, coordenadores e auxiliares?

Ensinaram às suas crianças a abordar um adulto de forma correta e respeitosa quando precisar de ajuda? Há em todo esse exercício o mais valioso dos ensinamentos que os pais podem promover aos seus filhos, a garantia que serão suporte, apoio e segurança para qualquer questão que a criança tiver que atravessar durante sua experiência escolar.

Se ainda não tiveram essas conversas, que não é uma só, e sim muitas, ainda não passaram de ano e não estão preparados para voltar às aulas.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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