É Fisioterapeuta, acupunturista e especialista em avaliação e tratamento de dor crônica pela USP. Entende a saúde como um estado de equilíbrio para lidar com as adversidades da vida de forma mais harmônica

Educação em massa é uma saída para o fim da violência obstétrica

Na última semana, a influenciadora digital Shantal Verdelho tornou pública sua experiência de abuso sofrido durante o parto. Além do ensino à população, a renovação no comportamento dos profissionais de saúde é necessária

Publicado em 20/12/2021 às 02h00
A influenciadora Shantal Verdelho expôs a violência obstétrica sofrida durante o parto
A influenciadora Shantal Verdelho expôs a violência obstétrica sofrida durante o parto. Crédito: Reprodução/Instagram

Na última semana, um assunto nada novo veio à tona após a influenciadora digital Shantal Verdelho tornar pública sua experiência de abuso sofrido durante o parto. Conhecida como violência obstétrica, ela pode se manifestar por gritos e ofensas, cortes sem consentimento, ameaças, uso de força e incentivo a condutas antinaturais.

O cenário é reflexo dos preconceitos e do olhar autoritário do corpo clínico que ali reina, não se questiona o obstetra e, muitas vezes, este se vê durante a madrugada em meio aos gritos, onde cada trabalho de parto tem seu tempo para acontecer. Um bebê sabe nascer, uma mãe sabe parir, mas ninguém sabe como será a evolução e o desenrolar. É preciso um olhar atento e respeitoso à natureza em seu grande feito.

O momento do trabalho de parto coloca a mulher na sua maior fragilidade, tanto emocional quanto física. Os desrespeitos começam quando ela e seu bebê deixam de estar no centro dos acontecimentos e sofrem os abusos sem conseguir se defender, ou ainda, sem nem saber que estão passando por tal situação.

O quadro se agrava se esta mulher em trabalho de parto for negra e pobre. Em uma pesquisa com registros coletados entre 2011 e 2012, o que se descobriu foi que, apesar de receber menos episiotomias (intervenção pouco indicada de corte na região perineal para passagem do bebê), mulheres negras, ao receber essa intervenção, tem 50% menos de chances de receber analgesia. Não tendo acesso a rede de saúde privada e estando com uso do SUS, durante o parto vaginal menos de 10% das mulheres recebem anestesia peridural.

O que se espera, ao trazer a evidência o tema, seja pelo relato de quem sofreu, ou pelo apelo dos próprios profissionais de saúde em divulgar, é a educação em massa. É através da educação da gestante e acompanhantes que se torna possível um ambiente humanizado, em que se acata o desejo e o merecimento da mulher que está ali em um dos momentos mais marcantes de sua vida, para que não seja um trauma.

Além disso, é necessária uma renovação no comportamento dos profissionais de saúde que permeiam essa parturiente, para garantir que machismo, racismo e preconceito de classe estejam fora da sala de parto.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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