
O Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), fechou o ano passado com números interessantes. A começar pelo lucro líquido recorde, de R$ 99,3 milhões. Muito embora o resultado tenha sido impulsionado por um resgate extraordinário de créditos tributários (de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e de Contribuição Social sobre Lucro Líquido) da ordem de R$ 40 milhões, medida que só pode ser acionada a cada dez anos, o número não deixa de ser relevante. Olhando um pouco mais no detalhe, outras informações interessantes. O crédito liberado ficou em R$ 510 milhões e grande parte disso, algo perto de 70%, foi para investimentos. A indústria respondeu por quase metade (42%) do crédito contratado e a inadimplência ficou em 1,28%, bem abaixo da média de mercado (2,32%).
Na coletiva de imprensa para a apresentação dos resultados, o governador Renato Casagrande comemorou os números e pediu ao presidente do Bandes, Marcelo Saintive, em tom de brincadeira, um novo recorde para o ano que vem. Economista experimentado que é (já comandou, por exemplo, a Secretaria do Tesouro Nacional), Saintive sabe que o cenário macroeconômico não é nada simples e que 2025 vai ser muito desafiador, ainda mais para um banco cuja carteira é majoritariamente ligada a investimentos. Juros em forte alta, economia desacelerando e ambiente econômico nebuloso no Brasil e no exterior não ajudam em nada.
"Juros em alta tornam o cenário mais desafiador, afinal, o investidor coloca o pé no freio dos investimentos, que foi o nosso principal vetor de expansão em 2024. Além disso, é um cenário em que o tomador, o que já está com o recurso na mão, tende a vir renegociar. É um cenário que exige cautela", assinalou Saintive.
O vice-governador Ricardo Ferraço faz uma leitura parecida. "É claro que queremos ver o dinheiro girar, mais investimentos, mas estamos lidando com recurso público, é preciso cautela. Estamos em um quadro nacional que impacta o custo do dinheiro, expressa preocupações, e o mundo também está mais complicado, estamos vendo uma forte onda de protecionismo. O Espírito Santo não é uma ilha, claro que tudo isso vai nos impactar", ponderou.
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