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Dondon, a heroína capixaba de 5 anos que salvou um menino em Vitória

Dondon, a heroína capixaba de 5 anos que salvou um menino em Vitória

O prestígio da garotinha se espalhou e ela chegou a ganhar uma bolsa de estudos do imperador Dom Pedro II

Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 11:53

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Criança salva outra que se afogava em Vitória. (Arte / João Paulo Rocetti)

Uma heroína capixaba de apenas 5 anos de idade. Era 25 de novembro de 1886 quando uma menina, chamada Dondon, virou notícia na cidade de Vitória. Ela brincava com outras crianças na região do Parque Moscoso, que era um braço de mar, e conseguiu salvar a vida de um menino de 3 anos. O ato heroico teve tanta repercussão que ela ganhou uma bolsa de estudos do imperador Dom Pedro II.

O fato foi contado no livro "História do Espírito Santo”, de Maria Stella de Novaes. A obra diz que havia um açougue, o melhor da cidade, naquele tempo, situado junto a uma casa, na Rua General Osório, esquina da Ladeira do Egito. Pertencia a João Carvalho de Abreu, bisavô de uma criança de 5 anos, viva e carinhosa, a Dondon.

"Diversas crianças brincavam no quintal do velho Abreu, quando, no entusiasmo dos folguedos, Martinho, um garoto de 3 anos, filho do Sr. Libânio Lírio, rolou no barranco, até o lago! Logo, Dondon correu para socorrê-lo, enquanto imóveis, atônitas, as outras crianças quedaram-se indecisas", informa o livro.

A história continua. "O pequeno submerge-se; a menina porém debruça-se, no cais e, com agilidade, consegue segurar um dos bracinhos do companheiro de infância, quando, por felicidade, vem à tona. E assim conservou-se, até que lhes chegou o suspirado socorro. Alguém toma nos braços o quase afogado. E Dondon cai, desfalecida!".

Após o desmaio da menina, o povo correu para ver o "Anjo Salvador", como ela ficou conhecida. "Imagine uma cidade de 10 mil habitantes, não tinha praticamente jornal e esse acontecimento foi uma coisa", pondera o historiador e comentarista da Rádio CBN Vitória, Fernando Achiamé.

CAIS DE SÃO FRANCISCO

Essa região, segundo a autora do livro, era chamada de Cais de São Francisco, onde, na maré alta, se amarravam algumas canoas dos pescadores da Lapa. "Ali, estava uma prancha carregada de material de construção: telhas, cal, tijolos, etc. O lugar constituía verdadeiro paraíso das crianças que tomavam banhos deliciosos. Atiravam-se das canoas e da prancha ao lago sereno do Campinho. Formava-se, ali, um enorme lago circundado pelas montanhas".

A obra relata, ainda, que esse fato foi registrado na Província do Espírito Santo de 27 de novembro de 1886. Segundo o cronista da Vida Capichaba (naquele tempo capixaba se escrevia com "ch"), ao regressar da Corte, onde fora receber o prêmio do seu valor perante o naufrágio do Imperial Marinheiro, em 1887, o Caboclo Bernardo - que salvou mais de 100 marinheiros em um naufrágio -, vai à casa do açougueiro, toma a criança nos braços e, cheio de respeitosa emoção, com os olhos rasos de lágrimas, depõe-lhe um beijo na fronte.

Em “Bolsistas do Imperador”, é constatado que Dom Pedro II, ao ter conhecimento da “bela ação, dá-lhe a mesada de 30$000 (30 mil Réis), para a sua educação”. (Decreto de 18 de dezembro de 1886.) Esse ato foi comunicado ao presidente da província, em ofício de 27 do mesmo mês de dezembro. A pensão resultou da recusa dos pais, quanto à educação, na Europa, completa a autora do livro.

Por fim, o livro cita que Dondon, Ornálcia Ester de Abreu Peixoto, era filha do comerciante Elias José Gregório da Silva e da Áurea Peixoto da Silva. Ela se casou com o Dr. Celino da Silva Leitão e se tornou uma das heroínas capixabas.

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