Publicado em 28 de julho de 2020 às 16:16
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro José Dias Toffoli, defendeu nesta terça-feira (28) o bloqueio de perfis nas redes sociais de investigados no inquérito das fake news, determinado na semana passada pelo ministro Alexandre de Moraes.>
"A rede social que difunde manifestações de maneira oculta, sem saber quem é o autor, de forma anônima ou através de mecanismos, chamados de robôs, de retransmissão, e que difundem ataques a instituições, ataque à democracia, que propõe volta de AI-5, que propõe fechar o STF para ficarmos aí no âmbito do inquérito [das fake news] , não se pode ter a suspensão em nome da liberdade de expressão do veículo pelo qual eles fazem essa transmissão?", questionou Toffoli. "Se isso estivesse ocorrendo em plataformas tradicionais, os acionistas estariam sendo responsabilizados", completou o ministro.>
A fala de Toffoli foi durante um webinar sobre liberdade de expressão promovido pelo site Poder 360 e pelo Observatório de Liberdade de Imprensa do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.>
O ministro fez uma comparação do tema com o direito ir e vir. Afirmou que este outro preceito constitucional não impede que uma pessoa que cometa crime seja presa provisoriamente sem sequer ter culpa formada ou denúncia formal.>
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No Brasil existem mais de 200 mil pessoas presas provisoriamente sem sentença de primeiro grau, segundo o magistrado. "Nós não temos mais de 200 mil redes sociais paradas. Choca mais meia dúzia de redes sociais paradas do que pessoas presas sem sentença?">
O presidente do STF voltou a defender a tramitação do inquérito das fake news, confirmado pelo plenário da Corte em recente julgamento. "O que se investiga no inquérito [das fake news] vai além de manifestações contundentes contra a Corte. Trata-se de uma máquina de desinformação, com robôs, perfis falsos, para desacreditar instituições e autoridades", afirmou.>
A apuração mira apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, de políticos a empresários, passando por militantes políticos.>
Toffoli ponderou que em um ambiente democrático a crítica contundente é plenamente aceitável e constitucional, mas isso exclui a possibilidade de se aceitar perfis falsos ou a utilização de robôs para desinformar a sociedade.>
"É preciso investigar práticas criminosas", acrescentou. "Se existe notícia fraudulenta, se existe a desinformação é porque isso interessa a alguém.">
O presidente do STF disse que não se pode aceitar as fake news como algo inevitável. "Nós podemos compactuar com isso. Temos que ter sim ferramentas para combatê-las.">
O encontro digital contou com a participação de Eugênio Bucci, professor da Universidade de São Paulo, de Mônica Bergamo, jornalista da Folha de S.Paulo, e de Pierpaolo Bottini, advogado integrante do Observatório de Liberdade de Imprensa do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).>
A mediação coube a Fernando Rodrigues, jornalista e diretor de redação do Poder360.>
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