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'Seria melhor enfrentar pandemia com apoio de Bolsonaro', diz presidente da Anvisa

'Seria melhor enfrentar pandemia com apoio de Bolsonaro', diz presidente da Anvisa

O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) se contrapõe às ações do próprio governo. A declaração foi feita em entrevista à jornalista Andreia Sadi, da Globonews

Publicado em 12 de janeiro de 2022 às 09:49

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O diretor-presidente da  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmou que seria "muito melhor" enfrentar a pandemia com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), que se contrapõe às ações do próprio governo.

Antônio Barra Torres
Antonio Barra Torres. (Jefferson Rudy/Agência Senado)

A declaração foi feita em entrevista à jornalista Andreia Sadi, da Globonews.

"Quando a gente vê algum posicionamento do presidente que se contrapõe ao que o próprio governo dele está fazendo, porque é o que está fazendo, isso é fato simples e claro. Quem está vacinando é o ministério", afirmou. "Se houvesse também uma sinalização mais clara no sentido de que isso [a vacinação] é importante e que a gente consegue sair dessa crise assim, sem dúvida nenhuma seria muito melhor, seria muito bom".

AMEAÇAS AOS INTEGRANTES DA ANVISA

Barra Torres também falou sobre as ameaças que os integrantes da Anvisa têm recebido após o presidente falar em divulgar os nomes dos servidores que aprovaram a vacinação contra Covid-19 para crianças.

"O que ocorre é que esse número todo que você fala, que é um número significativo, ele vem depois da fala do presidente que gostaria de ter a lista de nomes para que as pessoas formassem o seu juízo. No dia seguinte, chegaram 120 ameaças aqui, aproximadamente", disse ele, acrescentando que a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República já investigam essas tentativas de intimidação.

"Isso teve impacto muito negativo, gerou impacto na nossa coletividade muito ruim, que já tem muito trabalho a fazer e ainda ter que se preocupar com olhar sobre os outros?", disse. "Soma uma dificuldade imensa ao trabalho da instituição, ao trabalho da agência".

A vacina infantil contra Covid-19 aprovada é a da Pfizer, cujo efeito foi avaliado em milhões de crianças e já é usada na faixa etária entre 5 e 11 anos em mais de 30 países.

BOLSONARO E ANVISA

Após a Anvisa aprovar a vacinação contra Covid-19 de crianças entre 5 e 11 anos, o presidente Jair Bolsonaro minimizou as mortes nesta faixa etária e insinuou que algum interesse da agência teria baseado a decisão.

"Você vai vacinar o teu filho contra algo que o jovem, por si só, uma vez pegando o vírus a possibilidade dele morrer é quase zero? O que que está por trás disso? Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual o interesse daquelas pessoas taradas por vacina?", questionou o presidente em entrevista.

Dados do Sivep-Gripe, base de dados do SUS (Sistema Único de Saúde), porém, mostram que ao menos 301 crianças e adolescentes de 5 a 11 anos morreram no país em razão da doença desde março de 2020. No total, foram 6.163 casos confirmados.

Dias depois, Barra Torres respondeu as acusações em uma carta pública, em que diz ao presidente que determine a investigação da Anvisa caso saiba de alguma corrupção — ou peça desculpas pelas declarações.

Na segunda-feira (10), Bolsonaro negou ter acusado o chefe da agência de corrupção e disse que a carta era "agressiva". Na mesma entrevista, porém, disse que "não há a menor dúvida de que tem alguma coisa acontecendo" na Anvisa.

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