Publicado em 18 de agosto de 2022 às 15:25
BRASÍLIA - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ingressou com uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a investigação de empresários bolsonaristas que teriam defendido, em um grupo no WhatsApp, um golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, caso ele perca as eleições.>
A petição solicita a tomada de depoimento dos envolvidos, a quebra dos sigilos, o bloqueio de contas e as necessárias prisões preventivas.>
"Não passarão! Estamos peticionando ao STF, pedindo quebra de sigilo, bloqueio e se necessário prisão. A democracia não pode tolerar convivência com quem quer sabotá-la", afirmou Randolfe, que é líder da oposição no Senado e integra a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).>
A existência desse grupo de empresários e as trocas de mensagens foram noticiados pelo colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles.>
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Em São José dos Campos (SP), onde visita centro tecnológico, Bolsonaro chamou o post do portal de "fake news".>
"Que empresários? Qual é o nome deles? Chega de fake news. Qual jornalista [divulgou isso?] Toda semana quase vocês demitem um ministro meu citando fontes palacianas", disse o presidente a jornalistas em evento em São José dos Campos.>
"Guilherme Amado? Você tá de brincadeira. Esse cara é o fim do mundo. É uma fábrica de fake news. Ele acusou o Luciano Hang de dar golpe, é isso?", questionava ele sem deixar o repórter explicar. "Mostra isso aí. Para de minhoca na cabeça.">
O grupo inclui contas atribuídas a empresários de diversas partes do país, como Luciano Hang, dono da Havan; Meyer Nigri, fundador e presidente do conselho da Tecnisa; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; e José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan.>
Hang chegou a ter o seu indiciamento proposto no relatório final da CPI da Covid, por incitação ao crime>
As mensagens mostram a defesa de instalação de ditadura e um golpe a favor de Bolsonaro, mas os participantes não indicam estarem articulando nesse sentido.>
O dono da Havan confirmou à Folha de S.Paulo que integra o grupo, mas disse que quase nunca se manifesta e em momento algum falou sobre os Poderes.>
"Vejo que meu nome vende jornal e gera cliques. Me envolvem em toda polêmica possível, mesmo eu não tendo nada a ver com a história", disse Hang. "Sou pela democracia, liberdade, ordem e progresso.">
Questionada sobre as manifestações do fundador no grupo de empresários, a assessoria da Tecnisa informou que a companhia "não fala em nome de Meyer Nigri" e que ele "não é porta-voz da empresa".>
A preocupação com investidas frequentes de grupos bolsonaristas contra a democracia levou entidades empresariais e da sociedade civil, políticos e cidadãos a endossarem cartas em defesa do Estado de Direito democrático no Brasil.>
Em uma das mensagens, segundo o portal Metrópole, José Koury, dono do Barra World Shopping (RJ), teria afirmado preferir "golpe do que a volta do PT" e acrescentou que a instalação de uma ditadura não traria prejuízos econômicos, pois "com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo.>
Outra mensagem divulgada e incluída na petição de Rodrigues ao STF partiu de Ivan Wrobel, da W3, que afirma que o desfile de 7 de setembro vai inibir iniciativas contra Bolsonaro. "Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público", publicou.>
Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii, respondeu que o "7 de Setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está".>
Em outro momento, outro empresário afirmou que o "golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo".>
Ao Metrópole, alguns empresários se manifestaram negando que defendem um golpe de Estado ou que apoiam atos que sejam ilegítimos, ilegais ou violentos.>
Na petição apresentada ao Supremo, no entanto, Randolfe Rodrigues argumenta que os fatos expostos "já são gravíssimos" e acrescenta que novas histórias ainda devem ser divulgadas envolvendo o grupo.>
O senador acrescenta que o inquérito que investiga os ataques ao regime democrático seria o melhor instrumento para incluir a apuração referente aos empresários.>
"O presente inquérito, que apura os ataques ao regime democrático, é o melhor instrumento para responder a essas indagações, sendo imperioso que o STF atue em defesa da Constituição Federal, do regime democrático e do sistema eleitoral", afirma o texto da petição.>
"Dessa forma, requer-se que sejam apurados os fatos noticiados [...] com a imediata remessa ao Ministério Público e à Polícia Federal para a tomada de depoimento dos envolvidos, a quebra dos sigilos, o bloqueio de contas e as necessárias prisões preventivas", conclui.>
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