Publicado em 13 de setembro de 2023 às 20:25
A juíza Abby Magalhães, da 1ª Vara Federal de Três Rios, decidiu nesta quarta-feira (13) que o ex-deputado Roberto Jefferson irá a júri popular sob acusação de tentativa de homicídio contra quatro policiais federais.>
Ele será julgado por ter assumido o risco de matar os agentes que foram ao seu sítio, em Comendador Levy Gasparian (RJ), cidade a 142 km do Rio de Janeiro, atender a ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em outubro do ano passado.>
A magistrada não atendeu ao pedido da defesa do ex-deputado de desclassificação do crime para lesão corporal culposa, o que tiraria o caso da análise de jurados.>
O júri também analisará a acusação por resistência, posse irregular de arma de fogo de uso restrito e de artefato explosivo sem autorização. A juíza desconsiderou em sua decisão a acusação por dano qualificado, em relação às avarias da viatura da PF.>
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No dia 23 de outubro, Jefferson disparou 60 vezes com sua carabina contra os agentes. Ele também lançou três granadas de luz e som, sendo uma adulterada com pregos.>
Os policiais foram cumprir ordem de prisão determinada por Moraes, sob alegação de descumprimento, de forma reiterada, das regras da prisão domiciliar. Um dia antes, ele havia usado a conta no Twitter da filha, Cristiane Brasil (PTB), para xingar a ministra do STF Cármen Lúcia. A magistrada foi chamada de "bruxa de Blair", "Cármen Lúcifer" e comparada a prostitutas.>
O ex-deputado estava em prisão domiciliar desde janeiro de 2022 por questões de saúde. Na ocasião, Moraes relaxou a prisão preventiva decretada em agosto de 2021 no âmbito do inquérito das milícias digitais.>
Em maio, durante interrogatório na Justiça Federal, Jefferson disse que os 60 disparos de carabina que realizou miraram apenas a viatura da PF, que supunha ser blindada — somente as portas dianteiras tinham, de fato, proteção. As granadas, afirmou ele, foram lançadas longe dos agentes.>
O ex-deputado disse, inclusive, ter rido no momento da fuga da policial, após lançar a primeiro granada de efeito moral adulterada com pregos. A agente atingida teve o ferimento mais grave da equipe atacada.>
"Eles se abrigaram. A última a correr foi a menina. Eu até ri. Ela é igual a minha neta. Cabelinho preso...", disse o ex-deputado. Outros dois policiais ficaram feridos por estilhaços.>
Em julho, o Ministério Público Federal alterou a denúncia contra o ex-deputado, por considerar que o ex-presidente do PTB deveria responder por tentativa de homicídio com dolo eventual, por ter assumido o risco de matar os quatro policiais. A acusação inicial afirmava que ele tinha a intenção de matar os agentes.>
A mudança não alterou, porém, a situação jurídica do ex-deputado.>
Procurada, a defesa de Jefferson não se manifestou até a publicação desta reportagem.>
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