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Quase a metade dos brasileiros viu renda familiar diminuir na pandemia

Quase a metade dos brasileiros viu renda familiar diminuir na pandemia

Por faixa de renda, os trabalhadores com renda familiar até dois salários mínimos são os que mais relatam perda de rendimento (48%)

Publicado em 20 de agosto de 2020 às 17:58

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O auxílio emergencial provavelmente explica em parte esse aumento de renda em meio à crise. (Siumara Gonçalves )

Quase metade dos brasileiros viu sua renda familiar diminuir com a pandemia do coronavírus, aponta pesquisa Datafolha. Entre informais, autônomos e empresários, a perda de renda atingiu dois de cada três entrevistados.

Segundo o Datafolha, 46% dos brasileiros constataram redução de sua renda familiar devido à pandemia. Outros 45% dizem que a renda de sua família ficou igual e 9% tiveram aumento do rendimento familiar, mesmo em meio à crise.

O instituto ouviu 2.065 pessoas por telefone em 11 e 12 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Por faixa de renda, os trabalhadores com renda familiar até dois salários mínimos são os que mais relatam perda de rendimento (48%). O percentual diminui para 46% entre trabalhadores com renda familiar entre dois e cinco salários, a 36% para aqueles com renda entre cinco e dez salários e a 34% para os profissionais cujas famílias ganham mais de dez mínimos.

Por tipo de ocupação, assalariados sem registro são os que mais relatam perda de renda familiar (61%), seguidos por empresários (56%) e autônomos (54%).

Já por tipo de isolamento na pandemia, 48% dos que estão saindo de casa só quando inevitável relatam perda de renda familiar, comparado a 30% dos que dizem que estão vivendo normalmente.

Considerando a avaliação do governo, 52% do que acham o governo Bolsonaro ruim ou péssimo relatam perda de renda da família, comparado a 39% dos que consideram o governo ótimo ou bom.

Entre os entrevistados que dizem que a renda de sua família aumentou na pandemia, o maior percentual é registrado no Nordeste (15%) e Centro-Oeste e Norte (12%). Por cor, pretos (11%) e pardos (10%) sentiram mais esse efeito do que brancos (7%) e amarelos (5%).

O auxílio emergencial provavelmente explica em parte esse aumento de renda em meio à crise.

Segundo dados do IBGE, as regiões Nordeste e Norte concentravam maior proporção de pessoas em extrema pobreza antes da pandemia -aquelas com renda inferior a R$ 145 por pessoa por mês. A baixíssima renda também era mais prevalente entre pretos e pardos.

Com o auxílio emergencial, algumas dessas pessoas muito pobres passaram a ter renda maior do que antes da crise, já que o valor do benefício pode chegar a R$ 1.200 por família, contra média de R$ 190 do Bolsa Família. Conforme estudo recente da FGV, o auxílio levou o número de brasileiros em extrema pobreza ao menor patamar em 40 anos.

Ainda segundo o Datafolha, entre os entrevistados que receberam pelo menos uma parcela do auxílio, 60% relatam perda de renda familiar devido à pandemia, outros 27% dizem que a renda de sua família ficou igual e 13% relatam que a renda da família aumentou. Entre os que não pediram o auxílio, os percentuais são de 36%, 55% e 8% respectivamente.

OCUPAÇÃO

O coronavírus também mexeu com o perfil da ocupação no país, mostra o Datafolha. Dos entrevistados, 28% dizem que eram assalariados registrados antes da pandemia, percentual que caiu a 21% no momento atual.

Já os desempregados em busca ativa por trabalho eram 4% antes da pandemia e chegaram a 12% atualmente. Ao mesmo tempo, os desocupados que não estavam procurando trabalho subiram de 1% para 5%.

Assim, chegam a 17% os sem emprego, somando aqueles que estão procurando e os que não estão buscando oportunidades de trabalho.

As mulheres que se identificam como donas de casa passaram de 6% antes da pandemia para 9% atualmente, aponta ainda a pesquisa.

REDUÇÃO DE JORNADAS E SALÁRIOS 

Entre assalariados registrados e funcionários públicos, 39% dizem que tiveram sua jornada de trabalho reduzida devido à pandemia. O percentual é significativamente maior entre as mulheres (46%) do que entre os homens (33%).

Por idade, os com 60 anos ou mais, grupo de alto risco para o coronavírus, são os que mais relatam redução de jornada devido à pandemia (54%).

A redução de jornada também afetou mais os trabalhadores de baixa renda do que os de alta renda. Enquanto 42% dos com renda familiar até dois salários mínimos dizem que tiveram suas horas de trabalho reduzidas, esse percentual cai a 16% entre aqueles com renda familiar acima de dez salários.

A maior possibilidade de fazer home office entre os trabalhadores mais bem remunerados provavelmente explica a discrepância.

Segundo dados da pesquisa Pnad Covid-19 do IBGE, em junho, 37% das pessoas com ensino superior ou pós-graduação estavam trabalhando remotamente, comparado a 0,6% das pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto, 1,4% das pessoas com fundamental completo ou ensino médio incompleto e 7,3% das com médio completo ou superior incompleto.

Ainda entre assalariados registrados e funcionários públicos, 23% relatam ter sofrido redução de salário devido à pandemia, mostra o Datafolha. Aqui novamente, há discrepância entre homens e mulheres, com 29% delas relatando perda salarial, contra 19% deles.

Entre informais, autônomos e empresários, 62% relatam perda de rendimentos devido à pandemia. Mas, nesse universo, há menor disparidade entre homens (63%) e mulheres (60%).

APOSENTADORIA E BOLSA FAMÍLIA 

Cerca de 30% dos entrevistados relatam receber ou ter alguém da família recebendo aposentadoria do INSS. Nesse grupo, 56% relatam que a aposentadoria é a principal fonte de renda da família.

O percentual dos que tem na aposentadoria a maior parcela da renda do lar chega a 71% entre os entrevistados com renda familiar até dois salários mínimos que recebem ou tem algum familiar recebendo o benefício.

Por regiões, o percentual dos que tem na aposentadoria a maior parcela da renda da família é mais elevado no Nordeste (64%) e no Sul (63%). E por tipo de ocupação, entre desempregados (86%), donas de casa (68%), aposentados (67%) e autônomos (52%).

Dos entrevistados, 16% recebem ou alguém de sua casa recebe Bolsa Família. O percentual é maior entre aqueles com ensino fundamental (22%), com renda familiar até dois salários mínimos (26%), entre moradores do Nordeste (26%) e entre pretos e pardos (23% e 19%).

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