Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 08:58
Entre as pendências a serem acertadas no retorno das atividades do Congresso nesta semana, há mais um requerimento de informação da bancada do PSOL para o Ministério do Meio Ambiente. É a terceira vez que o partido deve pedir esclarecimentos sobre a política de controle do desmatamento do governo. As respostas enviadas pelo MMA no ano passado foram consideradas insuficientes e, algumas delas, inverídicas.>
"Vamos mostrar onde a resposta foi omissa e pedir esclarecimentos. Se as respostas não melhorarem, vamos entrar com processo por crime de responsabilidade", disse à reportagem o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), líder do partido na Câmara.>
Ele cita a previsão do artigo 50 da Constituição Federal, que permite à Câmara e ao Senado o envio de pedidos escritos de informação a ministros de Estado, "importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas".>
O primeiro requerimento de informação do partido foi enviado em 4 de junho com 21 questões sobre orçamento, preenchimento de vagas e estratégias de fiscalização. Elas foram respondidas em 16 de julho pelo ministro Ricardo Salles em pouco mais de uma página com as respostas divididas 11 itens.>
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Apesar das perguntas específicas, as respostas foram genéricas. Por exemplo, à questão "qual a diretriz administrativa que justifica não cobrar as multas e deixar de arrecadar recursos para o Estado?", Salles responde que "uma maior sinergia entre os órgãos integrantes do MMA deverá trazer melhor resultados de desempenho".>
O PSOL enviou um segundo requerimento em 20 de agosto, reforçando o pedido por ?informações exatas?. A resposta do MMA veio em dezembro, com afirmações improcedentes, como a de que a "4ª fase do Plano de Prevenção de Controle do Desmatamento da Amazônia [PPCDAM] está em execução até o final de 2019".>
"O governo extinguiu o departamento e a secretaria que cuidavam desse tema logo nos primeiros dias de 2019", afirma Valente, citando que durante todo o ano o secretário de qualidade ambiental ocupou interinamente a secretaria de florestas e desenvolvimento sustentável - onde quatro dos dez cargos que constam no site do MMA estão vagos.>
"Não, o PPCDAM não vem sendo implementado, pelo menos nas ações diretamente a cargo do ministério. Ele foi engavetado", acrescenta Valente.>
Questionado pela reportagem se o PPCDAM estaria em execução, Salles forneceu uma resposta diferente da enviada à Câmara. "Nós juntamos o PPCDAM e o PPCERRADO num Plano Nacional de Combate ao Desmatamento Ilegal, para todos os biomas, a cargo da secretaria de biodiversidade", afirmou.>
Outra resposta do MMA considerada evasiva na avaliação do PSOL foi sobre a diminuição da aplicação de multas, que a pasta atribuiu à "redução de 45% dos fiscais nos últimos dez anos". A pergunta se referia à queda registrada apenas em relação ao ano anterior - uma redução de 58% na aplicação de multas até abril de 2019, em relação ao mesmo período de 2018.>
A resposta do MMA também não explica o motivo de não ainda ter havido nomeação de superintendentes do Ibama, após um ano de governo, ou a razão da diminuição das operações de fiscalização do ICMBio.>
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