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Prefeitos no litoral tentam conter invasão com megaferiado em SP

Prefeitos no litoral tentam conter invasão com megaferiado em SP

Com altas temperaturas, a expectativa das prefeituras é de que a região tenha uma alta de visitantes, mesmo com hotéis, pousadas e restaurantes fechados

Publicado em 19 de maio de 2020 às 18:15

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Banhistas na praia da Baleia, em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo
Banhistas na praia da Baleia, em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. (Folhapress)

Prefeitos do litoral de São Paulo tentam adotar medidas com o governo estadual, como barreiras nas estradas, para conter uma possível invasão de turistas durante o megaferiado na cidade de São Paulo, que se iniciará nesta quarta-feira (20), com duração de seis dias. A decisão pelo feriado é uma estratégia da prefeitura e governo estadual para frear a disseminação do novo coronavírus.

Com altas temperaturas, a expectativa das prefeituras é de que a região tenha uma alta de visitantes, mesmo com hotéis, pousadas e restaurantes fechados. Desde o início da pandemia, na prática a região já vem recebendo turistas e veranistas que vêm desrespeitando a quarentena decretada pelo governo do estado, especialmente quem possui residência na região.

Em reunião nesta terça-feira, prefeitos das nove cidades da Baixada Santista entraram em acordo com o governo estadual para promover bloqueios nos acessos às cidades.

"Quarentena não é férias, as pessoas têm que ficar em casa. Entendemos que antecipar feriado iria estimular a vinda de turistas para região", disse o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).

Barbosa é também presidente do Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Baixada Santista (Condesb) e teme o aumento de turistas no feriado que começa na quarta-feira (20) e termina na segunda (25).

"O estado está adotando medidas para antecipar feriados para esta semana, de seis dias consecutivos, e com isso as pessoas podem se locomover para cá. Essa é a nossa preocupação, que isso aumente a quantidade de pessoas e turistas aqui", afirmou o prefeito.

O governo do estado disse que vai apoiar as prefeituras que desejarem realizar ações de restrição de acesso nos próximos dias.

O secretário de desenvolvimento regional do Estado, Marco Vinholi, afirmou que o governo oferecerá apoio que venha a ser solicitado pelos prefeitos para implantação das barreiras de acesso e conscientização dos turistas.

"Nós dialogamos com as prefeituras da Baixada Santista, litoral norte e litoral sul e o estado irá apoiar as restrições que essas prefeituras estabelecerem no seu território. Esse é o caso também das estâncias turísticas e dos municípios de interesse turístico do Estado de São Paulo, que também trabalharão com controle no acesso às cidades", disse o secretário.

Autoridades ouvidas pela reportagem, porém, afirmam que os bloqueios feitos pela PM serão apenas para orientar os motoristas para que retornem, mas que ninguém será obrigado a voltar ou proibido de seguir viagem.

Até o fim de semana, a Baixada Santista tinha mais de 3.800 casos do novo coronavírus, com 244 óbitos. A cidade de Santos, maior da região, tinha cerca de 80% de ocupação dos leitos de UTI.

O estado de São Paulo chegou a 65.995 casos confirmados e 5.147 óbitos nessa terça-feira (19).

No litoral norte, a proposta era de fechamento dos acessos a pelo menos três cidades da região –São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba. Em Ilhabela, um decreto municipal já proíbe o acesso pela balsa de turistas e veranistas, permitindo apenas a entrada de moradores, com comprovação de residência no arquipélago.

O plano dos municípios seria que o governo estadual criasse barreiras sanitárias na rodovia Manoel Hyppolito do Rego, a SP-55, que corta as três cidades.

Já o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), anunciou que pedirá na Justiça o bloqueio das duas entradas da cidade. O pedido seria protocolado ainda nesta terça.

"Caso a solicitação seja negada, vamos liberar geral e autorizar que os cerca de 500 ambulantes possam trabalhar nas praias, já que estarão lotadas mesmo. E o governo do estado será responsabilizado por mandar esse monte de gente para cá. Ninguém vai ficar preso seis dias em casa, com esse sol, na janela, olhando o Parque do Ibirapuera. É uma sacanagem pois vai prejudicar toda a região", disse ele em uma transmissão ao vivo nas redes sociais.

Augusto disse ser uma irresponsabilidade do governador João Doria decretar o megaferiado prologando. A crítica foi feita na segunda-feira (18), quando Dória ainda encaminhava projeto de lei à Assembleia Legislativa para votação da proposta. Os feriados de quarta e quinta foram aprovados pela Câmara Municipal de São Paulo, válidos, portanto, somente para a capital.

"São Paulo está só pensando nela. Esse feriado não será bom para nossa cidade, pois provocará uma fuga em massa. Não é justo que todo um trabalho de dois meses feito para tentar conter o coronavírus seja jogado fora em seis dias", criticou o prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Júnior. "Também não é justo que os moradores cumpram a quarentena e no fim de semana chegam turistas para visitar a cidade. O turista sempre será bem vindo, mas o momento é de isolamento."

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