Publicado em 29 de agosto de 2022 às 19:18
BRASÍLIA - O plenário do Senado aprovou nesta segunda-feira (29) a proposta que obriga os planos de saúde a arcar com procedimentos ou tratamentos que não estejam na lista de referência básica da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), pondo fim ao chamado rol taxativo.>
O projeto de lei foi aprovado no começo de agosto na Câmara dos Deputados em reação à decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Em junho, o tribunal entendeu que as operadoras de planos de saúde são obrigadas a custear apenas os 3.368 tratamentos que estão na lista da ANS.>
O texto aprovado na Câmara dos Deputados resgata o chamado rol exemplificativo. Ele obriga as operadoras de plano de saúde a cobrir procedimentos que estão fora da relação da agência, desde que sejam reconhecidos por outras agências ou que haja comprovação científica.>
Na semana passada, durante sessão de debates temáticos no Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou a proposta. Queiroga argumentou que os planos de saúde terão mais custos e que a conta será repassada aos consumidores. O ministro afirmou ainda que o tempo de espera para que determinado medicamento seja incluído no rol da ANS vem diminuindo.>
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O diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello, foi na mesma linha. Rebello afirmou que o rol taxativo é dinâmico, que os prazos para incorporação previstos na norma editada neste ano vão acelerar a análise de novos tratamentos e que a mudança na relação da agência causaria "desequilíbrio" no setor de saúde.>
Por outro lado, associações que representam pessoas com deficiência, autismo e doenças raras defendem o projeto.>
No começo do mês, a DPU (Defensoria Pública da União) afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o rol taxativo da cobertura dos planos de saúde viola preceitos fundamentais da Constituição e ameaça a vida de milhões de pessoas.>
Durante a mesma audiência no Senado, na semana passada, a senadora Mara Gabrilli (PSDB) disse que "o rol taxativo coloca em risco a vida de milhares de brasileiros e brasileiras" e que a lista da ANS deveria ter caráter exemplificativo de novo, servindo apenas como parâmetro para a cobertura mínima dos planos de saúde.>
O projeto afirma que o tratamento ou procedimento prescrito por médico ou odontólogo que não esteja previstos no rol da ANS deverá ser autorizada pela operadora desde que:>
O texto altera a lei que trata de planos de saúde para determinar que as operadoras se sujeitem simultaneamente à regra e à lei de proteção do consumidor hoje, só são submetidas à Lei de Planos.>
O texto será enviado para sanção do presidente da República.>
Quando prevalece o entendimento de que o rol é exemplificativo, a lista da ANS serve apenas como uma "referência básica", que prevê os tratamentos que todas as operadoras são obrigadas a cobrir.>
Assim, a cobertura pode ir além da lista e incluir outros procedimentos, desde que tenham sido prescritos por médicos e tenham justificativa e eficácia comprovadas.>
O rol taxativo, por sua vez, restringe a cobertura das operadoras de planos de saúde aos procedimentos da lista da ANS, sem a possibilidade de incluir outros tratamentos.>
O projeto aprovado nesta segunda-feira (29) no Senado fixou o entendimento de que o rol é exemplificativo.>
A proposta foi uma reação a uma decisão do STJ, que em junho desobrigou as operadoras de custear procedimentos não incluídos na lista.>
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