Publicado em 23 de agosto de 2020 às 08:32
Seis anos atrás, o advogado mineiro Vinícios Leôncio reuniu, num livro, todo o ordenamento jurídico para pagamento de impostos municipais, estaduais e federais do Brasil. Deu uma peça de 7,5 toneladas e 41.266 páginas, que revela o tamanho do problema que os candidatos a prefeito terão que enfrentar. >
O advogado afirma acreditar que as reformas tributárias em andamento no Congresso Nacional não conseguirão dar alívio aos caixas municipais, opinião corroborada pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP).>
Há duas reformas tributárias em andamento no Congresso Nacional. Ambas, avalia o secretário-executivo da FNP, Gilberto Perre, ineficientes para resolução do problemas de caixa das prefeituras. Segundo o técnico, o prazo de transição das propostas vai de 15 a 50 anos. Dessa forma, diz Perre, o País conviveria ao longo de todo esse tempo com os dois sistemas, o atual e o que for aprovado pelos parlamentares. "Essas propostas querem complicar para depois simplificar", afirma.>
A reforma tributária sugerida pela FNP, garante Perre, transformaria o livro do advogado Vinícios Leôncio em uma publicação de 150 páginas. A frente defende a simplificação dos tributos e a adoção de uma nota fiscal eletrônica nacional. "As pessoas poderiam se relacionar de maneira mais clara com os tributos. Às vezes não se sabe nem o que tem que pagar", reclama. A proposta da frente, segundo Perre, foi anexada a uma proposta de emenda à Constituição.>
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Leôncio concorda com a necessidade de simplificar os tributos. Segundo ele, cada município brasileiro tem um ordenamento tributário diferente. Para o advogado, o que mais aflige o empresário não é a carga tributária em si. "Pagar imposto é normal em qualquer lugar do mundo. O problema é o custo da incerteza jurídica. Com esse emaranhado de normas, um processo judicial tributário no Brasil pode durar de 18 a 19 anos para terminar", aponta. E o Estado também é vítima. Segundo ele, a União tem bilhões em dívidas de impostos a receber.>
O livro de Leôncio, que surgiu da ideia de dar uma "cara" para o tamanho da carga tributária brasileira, foi concluído em 2014, depois de 23 anos de pesquisa. "A ideia surgiu porque toda sociedade diz que a legislação tributária brasileira é muito extensa. O que quis foi materializar isso, tornar palpável, para que isso ajude a mudar os rumos do País", argumenta.>
Leôncio até toparia nova edição, embora tenha tido três enfartes enquanto fazia o livro. Novas normas surgiram nos últimos seis anos. "Foram publicadas mais 75 mil normas tributárias em todo o Brasil", diz o advogado, atribuindo o dado ao Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT). >
Enquanto acompanha o destino do sistema tributário brasileiro, o advogado Leôncio iniciou procedimentos para apresentar seu livro para o Guinness Book. A publicação está em um galpão em sua fazenda, no município de Santana dos Montes, na região central do Estado, a 130 quilômetros de Belo Horizonte. "Esse é o peso do custo Brasil", diz. Há ainda projeto para distribuir pela região placas sobre a publicação, convidando para que seja visitada.>
O advogado tem um concorrente forte. Um livro produzido na Hungria tem 4,18 metros por 3,77 metros, dimensões, portanto, maiores que a do brasileiro: 2,20 metros por 1,25 metro. Em relação ao peso, porém, a produção de Leôncio é superior. O livro húngaro tem 346 páginas e 1.420 quilos. A gigante obra do país europeu é sobre a natureza na região e foi registrada no Guinness em 2010.>
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