Publicado em 7 de junho de 2023 às 11:52
RIO DE JANEIRO - A necessidade de trabalhar é a principal justificativa citada por jovens para o abandono escolar no Brasil, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).>
Conforme o instituto, de um total de 52 milhões de pessoas de 14 a 29 anos no país, em torno de 18% (9,5 milhões) não completaram o ensino médio — ou por terem abandonado a etapa antes do término ou por nunca terem frequentado a escola. Os dados são referentes a 2022.>
Quando perguntados sobre o principal motivo por trás dessa situação, 40,2% desses jovens apontaram a necessidade de trabalhar. O percentual ficou praticamente estável em relação a 2019 (40,1%), versão anterior da série histórica, iniciada em 2016.>
Falta de interesse em estudar (24,7%), outros motivos (14,5%), gravidez (9,2%), afazeres domésticos (4,6%), problemas de saúde (3,6%) e ausência de escola na localidade, vaga ou turno desejado (3,2%) completam a lista de justificativas do ano passado.>
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Os números integram um módulo sobre educação da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). A publicação referente a 2022 vem após dois anos (2020 e 2021) de interrupção devido à pandemia de Covid-19.>
Entre os homens de 14 a 29 anos fora da escola, o percentual de abandono em razão da necessidade de trabalhar foi de 51,6% em 2022, seguido pela falta de interesse em estudar (26,9%).>
Entre as mulheres, o principal motivo também foi a necessidade de trabalhar, mas em um nível inferior ao dos homens: 24%. Em seguida, apareceram gravidez (22,4%) e falta de interesse em estudar (21,5%).>
Além disso, destaca o IBGE, 10,3% das mulheres indicaram afazeres domésticos ou cuidado de pessoas como o principal motivo de terem abandonado ou de nunca terem frequentado a escola. Para os homens, esse percentual foi considerado inexpressivo (0,6%).>
O levantamento ainda traz dados como a taxa de escolarização, que aponta a proporção de estudantes de determinada faixa etária em relação ao total de pessoas dessa mesma idade.>
O IBGE destacou que, de 2019 para 2022, a taxa de escolarização das crianças de quatro a cinco anos caiu de 92,7% para 91,5%. >
Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, disse que esse recuo pode estar associado "de alguma forma" à pandemia de Covid-19, seja por decisões das famílias ou por problemas na oferta de serviços. Ela, porém, avaliou que os dados não permitem uma avaliação definitiva.>
A pesquisa também mostra a taxa ajustada de frequência escolar líquida. Isso é, o percentual de pessoas que frequentam o nível de ensino previsto para a sua faixa etária (ou que já haviam concluído esse nível) em relação à população total da mesma idade.>
Entre a população de 6 a 14 anos, a taxa de escolarização saiu de 99,3% em 2019 para 99,4% em 2022. Por outro lado, a taxa de frequência escolar líquida nessa faixa etária caiu de 97,1% em 2019 para 95,2% em 2022. É o menor nível da série histórica iniciada em 2016.>
Conforme o IBGE, a queda foi decorrente principalmente do quadro verificado nos primeiros anos do ensino fundamental (seis a dez anos de idade).>
Apesar do recuo, a estimativa de 2022 (95,2%) permanece dentro da meta 2 do PNE (Plano Nacional de Educação) para esse indicador, que é de pelo menos 95% até 2024.>
"O que a gente observa é que o desajuste não foi na saída do ensino fundamental. Foi na entrada", disse Beringuy.>
Ela também indicou que o resultado pode estar associado aos impactos da pandemia, que paralisou escolas e forçou o ensino remoto, mas ponderou que os dados não trazem uma resposta conclusiva.>
Entre as pessoas de 15 a 17 anos, a taxa de escolarização subiu de 89% em 2019 para 92,2% em 2022. A meta 3 do PNE definia a universalização até 2016 do atendimento escolar para essa parcela da população.>
Dos 15 aos 17 anos, também houve aumento na proporção dos estudantes que estavam na etapa adequada de ensino, frequentando o ensino médio ou com os estudos dessa fase já concluídos. A taxa de frequência saiu de 71,3% em 2019 para 75,2% em 2022. A meta 3 do PNE, contudo, estabelece que o indicador esteja em 85% até 2024.>
Entre as pessoas de 18 a 24 anos, que idealmente estariam no ensino superior, a taxa de escolarização foi de 30,4% no ano passado. O percentual ficou próximo ao registrado em 2019. A taxa ajustada de frequência foi estimada em 25%.>
A meta 12 do PNE, diz o IBGE, estabelece que a taxa de frequência escolar líquida no ensino superior, para a população de 18 a 24 anos, alcance 33% até 2024. Em 2022, essa meta havia sido atingida somente entre as pessoas brancas (35,2%).>
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