Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 15:55
- Atualizado há 5 anos
O vice-presidente Hamilton Mourão disse que o governo federal poderá substituir o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, após as eleições da presidência da Câmara e do Senado, marcadas para 1º de fevereiro. Alinhado ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, derrotado pelo democrata Joe Biden, o chanceler colecionou atritos com a diplomacia chinesa, de quem o Brasil depende para receber vacinas e insumos para a fabricação de imunizantes. >
"Julgo que, num futuro próximo, após a questão das eleições dos novos presidentes das duas casas do Congresso, poderá ocorrer uma reorganização do governo para que seja acomodada, vamos dizer assim, a nova composição política que emergir desse processo", afirmou Mourão, em entrevista à Rádio Bandeirantes. "Então, talvez, nisso aí, alguns ministros sejam trocados, entre eles o próprio MRE (ministro das Relações Exteriores).">
Mourão disse, porém, que a decisão é do presidente Jair Bolsonaro. O vice-presidente disse ainda que não discutiu esse assunto diretamente com Bolsonaro. "No caso específico das Relações Exteriores, é algo que fica na alçada do presidente", afirmou.>
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, Ernesto foi excluído das negociações com a China para a compra de vacinas e insumos contra a Covid-19. >
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O motivo foram as diversas polêmicas envolvendo o ministro com os chineses. Em novembro, por exemplo, o chanceler saiu em defesa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que, nas redes sociais, havia associado o governo chinês à "espionagem" por meio da tecnologia 5G. Na ocasião, o presidente chegou a elogiar Araújo pela iniciativa, mas escalou outros ministros para negociar a importação das vacinas.>
Na quinta-feira, 21, Bolsonaro levou Ernesto para participar de sua "live" semanal e afirmou que não iria demitir o ministro. "Quem demite ministro sou eu", disse ele, na ocasião. >
Na entrevista à Rádio Bandeirantes, Mourão afirmou não ver condições para a aprovação de um processo de impeachment de Bolsonaro, mesmo com o atraso no início da vacinação contra a covid-19 em todo o País. O vice-presidente, que pode assumir o comando do País caso o presidente seja cassado, disse haver muito "ruído e gritaria" contra o governo, mas que isso vai diminuir à medida que a imunização avançar.>
"A minha visão é que, no presente momento, não estão dadas nenhuma das condições para um impeachment do presidente", disse Mourão. "A partir do momento que o processo de vacinação avançar, a pressão e gritaria por impeachment vai diminuir.">
Mourão relativizou as críticas em relação às medidas do governo para o enfrentamento da pandemia. Segundo ele, há poucos fabricantes de vacinas no mundo, os insumos vêm principalmente da China e da Índia e todos os países do mundo devem enfrentar dificuldades para adquirir imunizantes no primeiro semestre.>
"O Brasil tinha ontem 800 mil pessoas vacinadas. Quem mais vacinou foram os Estados Unidos, com 22,5 milhões. Países da Europa que começaram mais cedo estão em 1,2 milhão a 1,6 milhão, número que vamos atingir no começo da semana que vem no Brasil", disse o vice-presidente.>
Ainda sobre as vacinas, Mourão foi questionado sobre decisões que deram prioridade a outros grupos na fila para vacinação. Um exemplo são os caminhoneiros, grupo que apoia Bolsonaro e que ameaça iniciar uma nova greve, incluídos na lista de prioridades pelo governo, segundo lista enviada pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF).>
"Difícil para o governo federal fazer imposição a esse respeito. Não adianta baixar decreto ou determinação se não tem condições de fazer com que ela seja cumprida", disse Mourão. "Temos que buscar fazer uma campanha para sensibilizar a população para entender as prioridades estabelecidas e esperar com paciência chegar sua vez.">
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