Publicado em 6 de maio de 2021 às 14:37
O ministro Marcelo Queiroga (Saúde) irritou membros da CPI da Covid por evitar responder perguntas sobre a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento da pandemia. >
Queiroga depõe na comissão nesta quinta-feira (6), em uma sessão também marcada por atos de obstrução dos trabalhos por senadores governistas.>
Os senadores próximos ao Planalto contestaram a atuação do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), e reagiram a cada pergunta mais incisiva e direta, para tentar evitar respostas que pudessem contrariar os interesses do governo Bolsonaro.>
Queiroga tentou driblar perguntas relativas ao posicionamento pessoal do presidente Bolsonaro, recusou-se a dar sua opinião sobre o uso da hidroxicloroquina (medicamento sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid) e não quis fazer uma avaliação das condições do ministério e das ações de enfrentamento à pandemia no momento em que assumiu o cargo.>
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Queiroga se tornou ministro da Saúde em março, em substituição ao general Eduardo Pazuello, que saiu bastante criticado por sua atuação, pelo atraso na contratação de vacinas e pelo colapso do sistema.>
O atual ministro respondeu que não recebeu nenhuma orientação de Bolsonaro referente ao uso da hidroxicloroquina, mas se recusou a avaliar a posição do presidente em defesa do medicamento.>
"Todos nós estamos aguardando a resposta. Não tem três palavras, só tem uma: 'sim' e 'não'", disse o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM). "Até minha filha de 12 anos falaria 'sim' ou 'não'", completou.>
Queiroga, que é médico, também se recusou a dar sua própria avaliação sobre o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19.>
Afirmou que a instância adequada para analisar essa questão seria a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), da qual faz parte, que está elaborando um protocolo.>
"Segundo o decreto-lei que regulamenta a Conitec, eu sou instância final decisória. Então, eu posso ter que dar um posicionamento acerca desse protocolo, de tal sorte que eu gostaria de manter o meu posicionamento final acerca do mérito do protocolo quando o protocolo for elaborado", disse.>
Posteriormente, ele reconheceu que a hidroxicloroquina pode causar arritmias cardíacas, embora ressalte que são seguros. "A instância própria é essa. Esta é a instância", reagiu o relator, Renan Calheiros.>
O ministro da Saúde não soube dar certeza a respeito de ações de sua pasta para a distribuição de cloroquina para estados e municípios, apenas disse que não tinha conhecimento.>
"Eu não autorizei distribuição de cloroquina na minha gestão. Eu não tenho conhecimento de que esteja havendo distribuição de cloroquina na nossa gestão", disse Queiroga, após ser questionado.>
Em diversos momentos do depoimento, Queiroga disse que não faria "juízo de valor" e assim evitou responder diretamente a perguntas feitas pelos parlamentares.>
O ministro deu essa resposta, por exemplo, quando perguntado se concordava com a declaração de Bolsonaro de que poderia editar decreto contra política de isolamento social.>
Após a insistência na pergunta, apenas respondeu que o presidente pensa em preservar a liberdade das pessoas e com isso ele concordava. Por outro lado, reconheceu que não foi consultado pelo Palácio do Planalto a respeito de uma medida nesse sentido, apesar de sua pasta estar no centro das discussões.>
Em uma rara opinião sobre falas do presidente Jair Bolsonaro, Queiroga disse que desconhece "indícios de guerra química na China". No dia anterior, o presidente havia levantado essa possibilidade.>
"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?", disse o presidente em evento no Palácio do Planalto. "Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês.">
O ministro da Saúde também foi questionado sobre a quantidade de vacinas contratadas pelo país e se confundiu ao dizer o número.>
Inicialmente, ele falou que houve contratação de 563 milhões de doses de imunizantes, mas foi corrigido por um assessor e alterou para 430 milhões a quantidade. A diferença entre os números são referentes a doses que a Fiocruz produzirá.>
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