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'Marido não aguenta mulher sem fazer cabelo', diz vereador em MS

'Marido não aguenta mulher sem fazer cabelo', diz vereador em MS

Parlamentar defendeu abertura de salões de beleza em Campo Grande (MS) durante a pandemia do novo coronavírus e disse que, se igrejas não ficarem abertas, homens vão matar esposas

Publicado em 13 de abril de 2020 às 19:27

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"Salão é importante. Imagina a mulher sem fazer sobrancelha, unha, cabelo, não tem marido nesse mundo que vai aguentar, tem que tratar da autoestima". Com essa justificativa, o vereador de Campo Grande (MS) Wellington de Oliveira (PSDB) defendeu que salões de beleza fiquem abertos durante o período de isolamento social da pandemia do novo coronavírus.

O vereador de Campo Grande Wellington de Oliveira (PSDB)
O vereador de Campo Grande Wellington de Oliveira (PSDB). (Reprodução)

A declaração foi proferida durante sessão da Câmara Municipal na última terça-feira (7) em que eram discutidos quais serviços essenciais devem continuar funcionando. O vídeo viralizou nas redes sociais e causou indignação.

No mesmo discurso, o político usou um exemplo de violência doméstica para justificar que as igrejas continuem de portas abertas:

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Porque, se a pessoa quisesse matar a mulher e os filhos, ele vai e bate na igreja, está fechada. Daí ele fala: 'É um aviso de Deus para eu voltar lá e matar'. Então igreja é essencial, tem que criar mecanismos novos para que a igreja funcione

Wellington de Oliveira (PSDB)
Vereador de Campo Grande (MS)
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OFENSAS MACHISTAS

A Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas de Campo Grande qualifica como ofensas machistas as palavras de Oliveira. "Os comentários absurdos e desrespeitosos feitos pelo vereador, que tem formação jurídica e é delegado de polícia, devem ser expressamente repreendidos pela Casa de leis, inclusive com abertura de processo administrativo disciplinar", afirma a entidade em nota.

Em nota, o vereador pediu desculpas aos que se ofenderam com o discurso e disse que vai pedir a retirada da fala em nova sessão. Ele afirmou que não é machista e que luta pelos direitos da mulher e no combate ao feminicídio e à violência doméstica.

Segundo ele, a fala visava esclarecer que "todos os serviços são essenciais dependendo de um ponto de vista, citando a igreja, para os que procuram refúgio, além de salões de beleza". "Nesse ponto minha fala foi interpretada como machismo, ao invés de somente exaltar a mulher, as profissionais da área estética e a importância da autoestima feminina", completou na nota.

O Mato Grosso do Sul registrou nesta segunda-feira (13) a quarta morte pela Covid-19. É uma mulher de 63 anos que estava internada na UTI de um hospital particular em Campo Grande desde o dia 28 de março e estava em tratamento contra um câncer, o que pode ter agravado a situação. Ao todo são 113 casos confirmado no estado, de acordo com a Secretaria de Saúde.

Em Campo Grande, a prefeitura prorrogou até 19 de abril o toque de recolher na cidade entre 22h e 5h, mas afrouxou as restrições sobre as atividades comerciais. Já na semana passada, liberou o funcionamento de todo o setor de serviços, incluindo salões de beleza, comércio varejista em geral, além de concessionárias, livrarias e floriculturas.

Outros serviços, como lojas de material de construção, lotéricas, agências bancárias, setor industrial e a construção civil já tinham sido autorizados a funcionar. Ainda estão suspensos alguns setores específicos, como escolas, feiras, shoppings, galerias de lojas e casas noturnas.

Independentemente da atividade, locais de atendimento ao público funcionam com 30% da capacidade. A prefeitura também exigiu a demarcação de distanciamento mínimo de 1,5 metro em filas e recomendou controle de acesso às lojas e restrição no horário de funcionamento. Máquinas de pagamento deverão ser higienizadas após cada uso.

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