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Maioria vê Lula culpado e acha que Fachin agiu mal ao anular condenações

Maioria vê Lula culpado e acha que Fachin agiu mal ao anular condenações

Para 57% dos entrevistados pelo Datafolha, a condenação dada pelo então juiz Sergio Moro a Lula, na Operação Lava Jato, foi justa

Publicado em 22 de março de 2021 às 12:44- Atualizado há 3 anos

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 10/03/2021  - O Ex-presidente poderá se tornar elegível para as próximas eleições após decisão de juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular suas condenações pela Lava Jato.
O ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concede coletiva de imprensa no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, após ter condenações anuladas. (ETTORE CHIEREGUINI/AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO)

A condenação de Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex de Guarujá foi justa, e o ministro Edson Fachin (Supremo Tribunal Federal) agiu mal ao anular esta e outra sentença contra o petista, tornando o ex-presidente elegível por ora.

Esta é a opinião da maioria dos brasileiros ouvidos pelo Datafolha nos dias 15 e 16 de março. Foram entrevistadas 2.023 pessoas, e a margem de erro é de dois pontos, para mais ou menos.

Para 57%, a condenação dada pelo então juiz Sergio Moro a Lula, na Operação Lava Jato, foi justa. Moro o sentenciou a 9 anos e 6 meses de cadeia, pena revisada na segunda instância para 12 anos e 1 mês, e reduzida a 8 anos e 10 meses ao ser confirmada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O petista ficou 580 dias preso, sendo solto no fim de 2019 quando o Supremo mudou o entendimento sobre execução de penas a partir da condenação em segunda instância.

Acham que a decisão foi injusta 38%, e 5% não souberam opinar. Em abril de 2018, o Datafolha havia feito a mesma questão, com resultados semelhantes: 54% viram justiça, 40%, injustiça, e 6% disseram não saber.

No dia 9 de março, Fachin lançou uma bomba no cenário político brasileiro ao mudar seu entendimento acerca da competência da vara do hoje ex-juiz e ex-ministro Moro em Curitiba. As decisões da Lava Jato sobre Lula foram anuladas, e os processos, transferidos para outros foros.

Isso ainda será apreciado pelo plenário do STF, mas na prática Lula recuperou seus direitos políticos, podendo ser candidato a presidente em 2022.

Além do caso do tríplex, foi anulada a sentença que o condenou a 12 anos e 11 meses no processo em Curitiba sobre o sítio de Atibaia -pena que subira a 17 anos e 1 mês na revisão da segunda instância, no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre.

Também foram transferidos dois processos referentes a doações de empreiteiras ao Instituto Lula, que não haviam sido julgados.

Fachin agiu mal para 51% dos ouvidos pelo Datafolha, enquanto 42% acreditam que fez o certo. Não souberam responder 6%.

51% NÃO QUEREM LULA CANDIDATO E 47% QUEREM

Em relação ao efeito principal da decisão do ministro, a eligibilidade neste momento de Lula, há divisão entre os brasileiros, dentro do limite da margem de erro da pesquisas. Não querem que ele concorra 51%, enquanto 47% querem.

O caso é de amplo conhecimento público: 87% dos ouvidos disseram saber sobre ele. Desses, 37% dizem estar bem informados e 44%, mais ou menos. Não tomaram conhecimento 13%. Entre pessoas mais ricas a proporção de quem diz conhecer o caso vai a 99%.

Ao analisar os estratos do questionário sobre Lula, antigas divisões socioeconômicas e regionais acerca da imagem do ex-presidente vêm à tona com clareza.

Defendem mais que o ex-presidente dispute o pleito de 2022 nordestinos (63%), os mais pobres (quem ganha até 2 salários minímos, 57%) e menos instruídos (com até o fundamental, 60%).

Também são mais incisivos ao dizer que Fachin agiu bem os mais pobres (50%), com menos instrução (52%), desempregados (54%) e nordestinos (60%).

Já a questão da culpa de Lula no caso do triplex, paradoxalmente, não motiva tanto esses grupos usualmente associados ao petista. Apenas quem é menos instruído destoa da avaliação de que a sentença foi justa: 47% dos integrantes desse grupo, ante 38% no geral.

No caminho contrário, são reforçados alguns estereótipos de grupos antipetistas. Acham mais que Fachin errou ao anular as condenações quem tem curso superior e é mais rico (58%) e empresários (70%). Regionalmente, o mais bolsonarista Sul lidera a avaliação com 61%, não muito distante do mais populoso Sudeste (57%).

Já os grupos de quem ganha mais de 10 salários mínimos e o de quem tem diploma universitário empatam em 62% contra a ideia de Lula concorrer. Moradores do Sul (60%) e empresários (72%) completam a lista de destaques contrários à candidatura do petista.

De forma previsível, a aprovação do governo Bolsonaro matiza as opiniões sobre Lula --a tal polarização que a esquerda diz não existir para não equivaler os dois personagens, mas que na prática eleitoral está dada.

Entre quem acha que o governo Bolsonaro é bom ou ótimo, 79% acham que a sentença de Lula foi justa, 78% que Fachin agiu mal e 77%, que o petista não deve concorrer em 2022.

Já 58% dos que reprovam o presidente acham que a condenação do tríplex foi injusta, enquanto 62% creem que o ministro do Supremo acertou. E 65% querem ver Lula na urna em 2022.

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