Publicado em 12 de dezembro de 2022 às 15:58
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (12), ao ser diplomado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que a população reconquistou o direito de viver em democracia. >
Chorando, Lula dedicou ao povo brasileiro o diploma de presidente eleito. Citou Deus e disse que fará todos os esforços para cumprir com o compromisso de "fazer o Brasil um país mais desenvolvido e mais justo".>
A declaração foi feita na cerimônia de diplomação no TSE. Lula e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), receberam os diplomas confirmando que estão aptos a tomar posse, assinados pelo presidente da corte, ministro Alexandre de Moraes.>
A cerimônia reforça a vitória eleitoral em meio a atos antidemocráticos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado na tentativa de reeleição.>
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Lula ainda afirma que vai terminar de definir a composição do primeiro escalão de seu governo nos dias seguintes à diplomação. Os primeiros nomes, como de Fernando Haddad para comandar o Ministério da Fazenda, foram anunciados na sexta-feira (9).>
No discurso, Lula disse que "poucas vezes na história recente deste país a democracia esteve tão ameaçada". Afirmou ainda que a vontade popular foi colocada à prova, e precisou vencer "obstáculos para ser ouvida".>
O presidente diplomado disse que é preciso "tirar uma lição" dos últimos anos. "Para nunca mais esquecermos, para que nunca mais aconteça".>
Ele afirmou que não abre mão da defesa da liberdade de expressão. "Mas defenderemos até o fim o livre acesso à informação de qualidade, sem mentiras e manipulações que levam ao ódio e à violência política.">
Lula também disse que a eleição marcou a disputa de um projeto de reconstrução do país contra o de destruição, "ancorado no poder econômico e na indústria de mentiras e calúnias jamais vista ao longo de nossa história".>
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Presidente eleitoSem citar o presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista declarou que seus adversários ameaçaram instituições e criaram obstáculos para impedir que eleitores chegassem aos locais de votação.>
"Tentaram comprar o voto dos eleitores, com falsas promessas e dinheiro farto, desviado do orçamento público.">
Em outro trecho do discurso, disse ainda que o debate político foi envenenado com mentiras produzidas no "submundo" das redes sociais.>
"Eles semearam a mentira e o ódio, e o país colheu uma violência política que só se viu nas páginas mais tristes da nossa história", disse Lula.>
Ainda que simbólica, a diplomação ganhou maior relevância em 2022. Bolsonaro e seu partido, o PL, promovem contestações com argumentos frágeis contra o resultado eleitoral e insuflam manifestações antidemocráticas nas estradas e em frente aos quartéis.>
Ao encerrar o discurso, Lula disse que tem o compromisso de garantir a normalidade institucional e lutar contra as injustiças.>
"É com o compromisso de construir um verdadeiro Estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça, que recebo pela terceira vez este diploma de presidente eleito do Brasil, em nome da liberdade, da dignidade e da felicidade do povo brasileiro.>
A margem para contestar o resultado das eleições fica mais estreita com a diplomação.>
A partir desse momento, deixam de ser aceitas as Aijes (ação de investigação judicial eleitoral). Nesse tipo de procedimento são apresentados indícios de abuso de poder, e a Justiça Eleitoral pode dar aval para uma investigação.>
O presidente diplomado elogiou a atuação do STF e do TSE nas eleições e citou "firmeza na defesa da democracia e da lisura do processo eleitoral".>
Por outro lado, ainda há prazo de 15 dias após a diplomação para apresentação de Aimes (ação de impugnação de mandato eletivo), desde que haja "provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude".>
As entidades fiscalizadoras das eleições, como partidos e as Forças Armadas, também podem solicitar até 5 de janeiro ao TSE a "verificação extraordinária pós-pleito da integridade e autenticidade dos sistemas eleitorais".>
O PL já apresentou uma contestação desse tipo, que foi negada e apontada por Moraes como tentativa de tumultuar a democracia. Na ação, o partido comandado por Valdemar Costa Neto pediu anulação de votos depositados em urnas de modelos anteriores a 2020.>
Moraes condenou o PL a pagar multa de quase R$ 23 milhões por litigância de má-fé, afirmando que a ação visava "tumultuar o próprio regime democrático brasileiro".>
Essa é a terceira diplomação de Lula. Em 2002, ele elogiou o sistema eletrônico de votação e chorou ao receber o diploma.>
Na cerimônia seguinte, em 2006, o petista disse que "acabou-se o tempo em que algumas pessoas ousavam dizer que como povo deveria votar".>
No discurso desta segunda-feira (12), Lula ainda ainda exaltou a formação de uma frente ampla contra o bolsonarismo.>
O petista disse que o governo de transição detectou ações deliberadas do atual governo para o "desmonte das políticas públicas e dos instrumentos de desenvolvimento".>
Lula disse que as ameaças à democracia se repetem em outros países "A democracia enfrenta um imenso desafio ao redor do planeta, talvez maior do que no período da Segunda Guerra Mundial.">
Ele disse que o combate aos ataques democráticos exige tecnologias avançadas e legislação internacional mais dura e eficiente.>
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