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Líder de Bolsonaro na Câmara fez emenda que viabilizou importação da Covaxin

Líder de Bolsonaro na Câmara fez emenda que viabilizou importação da Covaxin

Ricardo Barros (Progressistas) foi citado pelo deputado Luis Miranda (DEM) na CPI da Covid-19 sobre suspeitas de corrupção envolvendo a compra da vacina indiana

Publicado em 26 de junho de 2021 às 08:09

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Vinícius Valfré e Julia Affonso

O deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, foi o autor da emenda que viabilizou a importação da vacina indiana Covaxin, da farmacêutica Bharat Biotech.

Líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR)
Líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). (Gilmar Felix/ Câmara dos Deputados)

Em fevereiro, o líder do governo apresentou a emenda 117/2021 à medida provisória 1026. A MP editada pelo governo permitiu que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desse "autorização para a importação e distribuição de quaisquer vacinas" e medicamentos não registrados na agência, desde que aprovadas por autoridades sanitárias de outros países.

A emenda de Barros incluiu a Central Drugs Standard Control Organization (CDSCO), da Índia, na lista de agências habilitadas. A CDSCO que deu o aval à Covaxin.

Em nota enviada na terça-feira, 22, Ricardo Barros disse que "não houve qualquer interferência do Palácio do Planalto no assunto" e que "a inclusão do órgão de saúde da Índia no artigo 16 da MP também foi motivo de emendas dos deputados Orlando Silva e Renildo Calheiros (ambos do PCdoB, partido de oposição)".

As propostas de emendas dos parlamentares da oposição também foram usadas pelo secretário-geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, no pronunciamento em que ele saiu em defesa do líder do governo e prometeu investigar o servidor da Saúde que denunciou indícios de fraudes na compra do imunizante.

Até então integrante da base governista, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse que, ao levar as suspeitas de esquema de corrupção na importação do imunizante, Bolsonaro as atribuiu a Ricardo Barros.

"O presidente falou, com clareza, que iria encaminhar todas as informações para o DG (diretor-geral) da Polícia Federal, e chegou a tecer um comentário de um nome de um parlamentar, que eu não me lembro bem, que ele disse assim: 'É mais um rolo desse', e falou o nome da pessoa", afirmou Miranda.

Mais tarde, após diversas cobranças de senadores para que revelasse o nome, Luis Miranda decidiu contar que Ricardo Barros foi a pessoa mencionada pelo presidente em uma reunião de 20 de março.

Na oportunidade, ele e o irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor da Saúde responsável por liberar a importação dos insumos, foram recebidos por Bolsonaro para narrar ao chefe do Executivo o que detectaram como suspeito nas tratativas para importação da Covaxin.

"Foi o Ricardo Barros que o presidente falou. Foi o Ricardo Barros. Eu queria ter dito desde o primeiro momento, mas vocês não sabem o que eu vou passar", disse.

A medida provisória 1026 foi tópico de um telegrama, em 5 de março, do embaixador do Brasil na Índia, André Aranha Corrêa do Lago ao Ministério das Relações Exteriores. Ele relatou um encontro com representantes da Precisa Medicamentos, incluindo o sócio da empresa Francisco Maximiano, que haviam ido ao país asiático negociar com a Bharat Biotech um aumento do número de doses da Covaxin.

"O presidente da Precisa Medicamentos comentou que, com a divulgação de dados de eficácia pela Bharat Biotech e a iminência da aprovação da autorização para uso emergencial sem restrições da vacina na Índia, autorização semelhante poderia ser obtida em breve no Brasil", aponta o documento em posse da CPI da Covid.

"Segundo ele, isso seria possível em razão da nova redação da Medida Provisória 1026/21, aprovada nos últimos dias pelo Senado Federal, que permitirá autorização automática para uso emergencial da vacina indiana no Brasil, uma vez obtido o registro emergencial junto a 'Central Drugs Standard Control Organization' indiano."

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