Publicado em 4 de setembro de 2020 às 10:02
O julgamento da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que confirmou o afastamento de Wilson Witzel (PSC) do governo do Rio, indica a tendência do colegiado de colocar o ex-juiz federal no banco dos réus. >
A avaliação é de ministros do próprio STJ e de aliados do governador afastado ouvidos reservadamente na quinta-feira (3), pelo Estadão. Segundo eles, até o final deste ano - se o processo de impeachment na Assembleia Legislativa (Alerj) não for concluído - a denúncia apresentada contra Witzel pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro, deve ser aceita.>
Após a derrota no STJ, os advogados de Witzel devem acionar nos próximos dias o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, para tentar reconduzi-lo ao cargo. Uma reviravolta no caso, no entanto, é considerada improvável. Em caso de cassação, Witzel perderia foro privilegiado e a ação penal a ser aberta após um eventual recebimento da denúncia tramitaria na primeira instância. Segundo um ministro do tribunal, o ex-juiz "já é ex-governador". >
Witzel apresentou ontem sua defesa à Alerj e alegou que o processo de impeachment é uma ação política para derrubá-lo, e faz parte de um "movimento mais amplo", que também teria como alvo outros mandatários estaduais. O documento de 41 páginas protocolado na Casa por seus advogados, cita os chefes dos Executivos estaduais de Santa Catarina, Amazonas, que também foram alvo de processos de impeachment. >
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Os advogados argumentaram que a peça não tem base jurídica para prosseguir. Eles alegam perda de objeto e ausência de provas. "Não há, em suma, provas contra o governador, e seu afastamento provisório se deu por razões processuais, de forma açodada e antes mesmo do indispensável exercício do direito de defesa.">
Por força da decisão confirmada pela Corte Especial do STJ, Witzel deverá ficar longe do cargo por 180 dias. Com a defesa entregue à Comissão da Alerj que analisa o pedido de impeachment, a tendência é que o relatório final do colegiado fique pronto nas próximas semanas. O prazo legal é de cinco sessões - a contagem foi iniciada ontem. >
Para a aprovação do impeachment é necessário o número mínimo de 47 votos - dois terços do total de 70 parlamentares. Se Witzel for derrotado nesta votação, forma-se um tribunal misto, composto por deputados estaduais e desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) para julgar o governador afastado por decisão do Legislativo. Em caso de condenação neste tribunal, Witzel perde definitivamente o cargo e fica inelegível por oito anos. >
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