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Witzel diz que impeachment é ação para pulverizar oposição a Bolsonaro

Witzel diz que impeachment é ação para pulverizar oposição a Bolsonaro

Em defesa apresentada à Alerj, Wilson Witzel (PSC) sugeriu, em três passagens distintas, ser vítima de uma perseguição política por fazer oposição ao presidente Bolsonaro

Publicado em 3 de setembro de 2020 às 19:27

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Presidente da República Jair Bolsonaro, acompanhado do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Presidente da República Jair Bolsonaro, acompanhado do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. (Marcos Corrêa/PR)

Em defesa apresentada à Assembleia Legislativa do Rio no âmbito de seu processo de impeachment, o governador afastado Wilson Witzel (PSC) sugeriu, em três passagens distintas, ser vítima de uma perseguição política por fazer oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O ex-juiz também se debruçou sobre argumentos jurídicos para afirmar que não há provas que embasem o processo e que os supostos atos ilícitos não foram delimitados nas denúncias que tiveram prosseguimento na Casa.

O documento, apresentado na noite de quarta-feira (2), pede que a Assembleia faça os devidos esclarecimentos e conceda novo prazo para manifestação da defesa.

O afastamento de Witzel foi confirmado também na quarta-feira pela corte especial do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O ex-juiz foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), que o acusa de ter chefiado um esquema de desvio de recursos públicos destinados ao combate à pandemia do novo coronavírus no estado do Rio.

No início do documento apresentado à Assembleia, a defesa afirma que existe um "intento político de afastar o governador democraticamente eleito", replicado em outros estados do país.

"Essa pretensão se insere dentro de um movimento mais amplo, e concertado, com vistas a remover, no âmbito de vários estados federados (AM, PA, SC), por meio de processos análogos de impeachment, governos locais de oposição ao governo federal", afirma.

Poucas páginas depois, os advogados reforçam a acusação, dizendo que o processo de impeachment contra Witzel segue uma agenda política "bem própria e peculiar".

"Ela se alinha ao fluxo de um movimento mais amplo e concertado, de âmbito federal, de pulverização da oposição", diz o texto.

Em outra passagem, a defesa nega que o inquérito aberto contra o governador no STJ (Superior Tribunal de Justiça) tenha tido como base elementos apurados por órgãos de investigação no Rio. Os advogados apontam que a origem foi, na verdade, uma "denúncia" levada à PGR (Procuradoria-Geral da República) pelo deputado federal Otoni de Paula (PSC), aliado de Bolsonaro.

A peça também afirma que a denúncia foi acompanhada de "recortes de jornais", sem provas do envolvimento do governador em atos ilícitos.

"O que motivou a abertura da referida investigação foi uma 'denúncia' levada diretamente à douta Procuradoria Geral da República pelo deputado federal Otoni de Paula, parlamentar que faz forte oposição política ao denunciado e que é da 'tropa de choque' do presidente da República, declarado adversário político do denunciado."

No documento, Witzel também pede a produção de prova testemunhal, para esclarecer os fatos narrados nas denúncias, e pericial contábil, para apurar eventual irregularidade nos pagamentos suspeitos.

Entre as oitivas requeridas pelo governador afastado, está a da sub-procuradora Geral da República, Lindôra Araújo, a quem Witzel desafiou em entrevista à imprensa após ser retirado do cargo.

Na última sexta-feira (28), o ex-juiz havia questionado a suposta proximidade entre Lindôra e a família Bolsonaro.

"Uma procuradora cuja imprensa já notificou seu relacionamento próximo com a família Bolsonaro. Bolsonaro já declarou que quer o Rio de Janeiro. Já me acusou de perseguir a família dele. Mas, diferentemente do que ele imagina, aqui a Polícia Civil é independente, o Ministério Público é independente", disse Witzel.

Em nota, a Assembleia do Rio afirmou que começou a contar nesta quinta-feira (3) o prazo de cinco sessões para que o relator da comissão do impeachment, deputado Rodrigo Bacellar (SDD), apresente seu parecer a respeito da admissibilidade da denúncia contra o governador afastado.

Nos bastidores, a expectativa é de que esse parecer seja colocado para votação no plenário em cerca de 15 dias. Segundo a Assembleia, a denúncia será aceita se a maioria qualificada, ou seja, dois terços dos 70 deputados, votarem a favor.

Nesse caso, o rito prevê o afastamento do governador. Witzel já foi retirado do cargo pelo STJ por um prazo inicial de 180 dias, mas a decisão dos deputados é importante porque abre caminho para o afastamento definitivo.

O julgamento final é realizado por um tribunal misto, composto por deputados estaduais e desembargadores. São eles que decidem se Witzel será ou não afastado definitivamente.

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