Publicado em 5 de junho de 2020 às 18:47
O governo acatou nova indicação do Centrão e decidiu nomear nesta sexta-feira (5) Arnaldo Correia de Medeiros como novo secretário de Vigilância da Saúde do Ministério da Saúde. Trata-se da área responsável por monitorar dados e formular ações de controle de doenças, caso da estratégia contra o novo coronavírus. >
Desde que se viu enfraquecido em meio à crise política que se soma à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passou a se aproximar do chamado Centrão, bloco formado por partidos como PL, PSD, Solidariedade, PP e Republicanos.>
A nomeação de Medeiros foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta. Formado em ciências farmacêuticas pela Universidade Federal da Paraíba, ele tem mestrado em bioquímica e imunologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutorado em ciências biológicas pela Universidade de São Paulo. Também é professor associado da Universidade Federal da Paraíba.>
Medeiros assume no lugar do enfermeiro epidemiologista Wanderson de Oliveira, que entrou na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e ficou conhecido como um dos formuladores da estratégia brasileira de monitoramento e controle da epidemia da Covid-19.>
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Embora tenha anunciado sua saída em abril, Oliveira ficou no cargo por mais um mês, durante a transição para a gestão do ministro Nelson Teich, de quem recebeu convite para permanecer no governo.>
Desde a saída de Teich, há 20 dias, a pasta está sob o comando interino do general Eduardo Pazuello, que tem aumentado o número de militares da Saúde, seguindo um movimento adotado por Bolsonaro ao longo dos últimos meses.>
A indicação do novo secretário é atribuída por parlamentares e interlocutores do governo ao líder do PL na Câmara, deputado Wellington Roberto (PB), ambos são paraibanos. A reportagem não conseguiu contato com o parlamentar para comentar a indicação.>
Em conversas reservadas, parlamentares disseram à reportagem que as indicações do Centrão para cargos do governo estão acontecendo pouco a pouco e de forma desordenada.>
Além de Medeiros, outro nome indicado pelo Centrão já assumiu um cargo vinculado à Saúde. Trata-se do coronel Giovanne Gomes da Silva, que deixou o comando da Polícia Militar de Minas Gerais para ocupar a presidência da Funasa, fundação vinculada ao Ministério da Saúde e que responde por ações de saneamento básico em cidades de pequeno porte e áreas rurais.>
Até o momento, ao menos 26 militares já foram nomeados, a maioria para cargos de direção, coordenação e assessoria técnica. O ministro, porém, tem dito que eles devem permanecer no cargo inicialmente por apenas 90 dias, os quais podem ser prorrogados.>
Nesta sexta, mais dois deles foram nomeados. Nivaldo Alves de Moura Filho deve assumir o cargo de diretor na secretaria-executiva. Já o coronel Roberto Bentes Batista, que é médico, deve assumir o cargo de diretor do departamento de engenharia de saúde pública da Fundação Nacional de Saúde.>
No mesmo dia em que nomeou mais dois militares, Pazuello também publicou a exoneração de dois servidores que assinaram uma nota técnica sobre acesso à saúde sexual e reprodutiva das mulheres durante a pandemia. O documento foi distorcido pelo presidente Jair Bolsonaro, que mandou procurar os autores e disse que a pasta não apoiava uma tentativa de legalização do aborto - o documento, porém, falava apenas na necessidade de manter serviços de assistência para os casos previstos em lei e que já ocorrem hoje.>
As exonerações de Danilo Campos da Luz, coordenador de Saúde do Homem, e Flávia Andrade Fialho, coordenadora de Saúde das Mulheres, ambos da Coordenação-geral de Ciclos da Vida da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, foram publicadas no Diário Oficial.>
Em nota, o ministério disse apenas que as exonerações fazem parte de composição da nova equipe da pasta.>
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