Publicado em 27 de julho de 2020 às 16:54
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta segunda-feira (27) uma mudança nas regras do Plano SP -que define os níveis de abertura das atividades no estado, restritas desde março em função da pandemia da Covid-19- que, na prática, facilita a retomada econômica. >
Doria chamou a mudança de "calibragem técnica" e afirmou que "o objetivo é aprimorar o plano para torná-lo mais eficiente e adequado à realidade que vivemos na pandemia.">
O principal critério para abrandar ou afrouxar as restrições nas cidades é a taxa de ocupação de leitos hospitalares. Com as novas regras, para passar à fase verde, menos restrita, será preciso ter no máximo entre 70% e 75% dos leitos ocupados (a porcentagem exata deve ser definida na terça-feira, 28), e não mais 60%, como era antes e motivo de queixas de prefeitos -que reclamavam que isso obrigava as cidades a manterem unidades ociosas.>
O novo secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, justificou a medida afirmando que a liberação de leitos permite a retomada de cirurgias eletivas, mas que eles podem voltar a ser usados para tratar pacientes da Covid caso haja necessidade. "Pessoas que tinham que tirar visícula por causa de um cálculo estão esperando há quase um ano a pandemia acabar, e isso não é justo", exemplificou.>
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As cirurgias eletivas e exames que demandam leitos (como colonoscopia) já começaram a ser remarcadas na capital paulista, afirmou o secretário municipal Edson Aparecido.>
Para estar nas fases laranja e amarela, a ocupação de leitos de uma região precisa ser de até 80%. Acima disso, os municípios estarão na faixa com mais restrições às atividades.>
Agora, além dos índices relativos (por exemplo, percentual de ocupação de leitos ou número de óbitos da última semana com relação a semana anterior), o governo criou travas absolutas para um local se enquadrar na fase verde da pandemia.>
Para chegar à fase verde, será preciso ter, além dos critérios anteriores, também até 40 internações por 100 mil habitantes e 5 mortes a cada 100 mil habitantes por 14 dias, segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico de SP, Patricia Ellen.>
Além disso, segundo o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, é preciso ter estabilidade prolongada, de pelo menos 28 dias, da situação. "Isso sim vai dar essa segurança para o faseamento poder progredir, ou não", afirmou.>
Também foram criadas margens de erro. Por exemplo, a de 2,5 pontos percentuais no cálculo da ocupação dos leitos de UTI.>
Isso significa que, se uma região ultrapassar em menos de 2,5% o patamar para avançar a uma nova dase, ela não pode mudar suas restrições ainda. O mesmo vale para regressão.>
No caso dos números de casos, números de internações e número de óbitos, essa margem de erro é de 0,1.>
Na última atualização, três regiões do estado evoluíram para fases mais brandas, e nenhuma teve as regras endurecidas. Campinas e Araçatuba passaram da fase vermelha para laranja e Araraquara passou da laranja para a amarela.>
Morreram, vítimas do coronavírus, 21,7 mil pessoas no estado até agora. Segundo Doria, o número de óbitos na capital paulista diminuiu 27% na última semana, comparada à semana anterior, o que ajudou a baixar os números do estado em 4%.>
No interior, porém, houve um aumento de 16% no mesmo período. O governo exaltou, no entanto, que pela primeira vez caíram as internações no interior. Segundo o novo secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, o número de mortes está dentro do esperado pelo governo.>
Os números foram divulgados no começo da entrevista à imprensa concedida pelas autoridades estaduais nesta segunda, ao contrário da prática das últimas semanas, quando os dados eram anunciados ao final da agenda.>
Segundo o coordenador executivo do centro de contingência, João Gabbardo, a pandemia em São Paulo está numa "fase descendente". Modelo estatístico feito pela Folha, porém, considera que a capital paulista está na fase estável, com número constante de novos casos, mas ainda em volume significativo, e não na fase de desaceleração.>
Havia uma expectativa de que, com a mudança nas regras, a capital paulista poderia passar para a fase verde com as novas regras do Plano SP, o que permitiria uma maior liberação das atividades, uma vez que a ocupação de leitos hospitalares em São Paulo está em 66,2%, somando a rede pública e privada -abaixo do exigido na nova regra.>
Segundo Patricia Ellen, porém, a capital não atende aos números máximos estabelecidos de internações e mortes, o que não permitiria essa evolução.>
Mesmo na fase amarela, pelas diretrizes do governo do estado, a cidade já tinha autorização para retomar o funcionamento restrito de cinemas, por exemplo. Porém, atendendo a um pedido da Vigilância Sanitária, Covas explicou que esperaria a fase verde para reabrir o setor.>
Em artigo publicado na Folha neste domingo (26), o ex-secretário de cultura da capital e diretor do cinema Belas Artes, Andrea Sturm, defendeu a reabertura dos cinemas porque, segundo ele, a população precisaria de diversão. O texto é assinado também o presidente do sindicato dos exibidores de SP, Paulo Lui.>
No domingo (26), na Vila Madalena, região boêmia na zona oeste da capital, os bares funcionaram até as 19h, duas horas além do permitido, até o fim do jogo Corinthians x Oeste, pelo campeonato paulista. Segundo gerentes, funcionários e guardas, houve um acordo com a prefeitura que permitiria o funcionamento, se a chegada de novos clientes fosse interrompida até as 17h.>
A gestão Covas tinha apresentado esse pleito de estender o horário de abertura na sexta-feira (24) ao centro de contingência estadual, formado por médicos e especialistas, que barrou a ideia.>
O governador João Doria afirmou ainda que espera que a vacina contra o vírus seja produzida em São Paulo a partir de dezembro, e que a população pode começar a ser vacinada na sequência.>
Isso acontecerá se "não houver problemas na nova fase de pesquisas" da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac, na terceira fase de testes desde a última semana.>
O secretário Gorinchteyn afirmou que a atual fase busca avaliar se o corpo consegue produzir anticorpos sustentados em níveis altos, ou seja, se garante a imunidade da população por um período prolongado.>
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