Publicado em 17 de fevereiro de 2024 às 14:57
Investigadores que participam das buscas aos fugitivos da penitenciária federal de Mossoró (RN) afirmam que os dois detentos fizeram uma família refém na noite desta sexta-feira (16), tendo levado dois celulares e carregadores.>
De acordo com relatos dos familiares aos investigadores, eles fizeram muitas ligações por WhatsApp, sendo algumas para a capital do Rio de Janeiro, devido ao DDD. O interlocutor tinha sotaque e teria dito que estava no Rio. Segundo as investigações, os fugitivos são ligados ao Comando Vermelho.>
Na casa dos reféns, eles se alimentaram e fugiram novamente cerca de quatro horas depois com mantimentos. Não houve violência.>
A expectativa da força-tarefa que busca os fugitivos é capturá-los nas próximas horas, já que eles ainda estariam no cerco de 15 quilômetros do local, como mencionado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em entrevista coletiva na quinta-feira (15).>
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De acordo com investigadores, a família disse que eles ainda estariam com as roupas bem sujas, de boné e calça. Um com camisa clara e outro, escura. Eles chegaram à casa por volta das 19h30 e ficaram até pouco depois da meia-noite.>
Os fugitivos pediram as senhas para destravarem os telefones das vítimas. Entraram nas redes sociais para pesquisar notícias sobre a fuga, como uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, sobre o tema.>
Além de dois telefones e carregadores, a dupla levou ovo cozido e outros alimentos em uma sacola plástica, porque não estavam de mochila. Eles não pediram aos familiares dinheiro e não levaram a moto ou o carro que estavam no local.>
A família disse aos investigadores ainda que os dois chegaram pelo mato (a casa fica em zona rural, voltada para a mata), e demonstraram desconhecer onde estavam.>
Eles perguntavam a todo momento a localização, como se chegava ao Ceará e se estavam longe do litoral. Foram informados que estavam muito próximos da penitenciária da qual fugiram, e que havia um bloqueio na rua perto de Mossoró.>
As fugas, fato inédito em presídios federais, ocorreram na passagem de terça (13) para quarta-feira (14), mas os agentes da penitenciária só detectaram a ausência dos homens na manhã de quarta, quando as buscas começaram a ser realizadas.>
Os fugitivos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Segundo as investigações, eles são ligados ao Comando Vermelho.>
Os fugitivos chegaram a ser vistos por moradores de Mossoró na manhã de sexta-feira, de acordo com investigadores, ocasião em que forças de segurança encontraram pegadas e roupas dos fugitivos.>
Lewandowski disse que 300 agentes haviam sido mobilizados para procurá-los. Três helicópteros foram usados nas buscas, além de drones.>
A pasta ainda ordenou a mobilização das Ficco (Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado), que congregam as polícias federais e estaduais nas ações de repressão da criminalidade organizada, para colaborarem com os esforços de localização e prisão dos foragidos.>
A gestão das penitenciárias federais é de responsabilidade da pasta de Lewandowski, que teve a sua primeira crise em 13 dias no comando do ministério. A fuga foi a primeira registrada nesse sistema desde sua implantação, em 2006.>
A fuga provocou uma crise no governo e causou medo na população local. O juiz federal Walter Nunes, corregedor do Penitenciária Federal de Mossoró, disse à Folha que, "sem dúvidas", esse foi o episódio mais grave da história dos presídios de segurança máxima do país.>
Os dois presos estavam em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), onde as regras são mais rígidas que as do regime fechado. Nesse tipo de ala há um local para o banho de sol para que os detentos não tenham contato com outros presos.>
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