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Federação global de cinema culpa governo Bolsonaro por incêndio na Cinemateca

Federação global de cinema culpa governo Bolsonaro por incêndio na Cinemateca

Futuro da instituição "continua mais incerto do que nunca", diz nota de rede internacional de patrimônio de cinema; membros definiram o ocorrido como uma catástrofe

Publicado em 30 de julho de 2021 às 14:21

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Incêndio atinge depósito da Cinemateca Brasileira em São Paulo
Incêndio atingiu um depósito da Cinemateca Brasileira, localizado na cidade de São Paulo nesta quinta-feira (29). (Reprodução/ Twitter/ @ErikakHilton)

A Fiaf (Federação Internacional de Arquivos de Filmes, na sigla em inglês) publicou nesta sexta (30) uma nota sobre o incêndio que atingiu um depósito da Cinemateca Brasileira na quinta (29). Os membros definiram o ocorrido como uma catástrofe para o setor mundial e culparam o governo brasileiro.

"Enquanto nós não sabemos a extensão total dos danos, é provável que a catástrofe tenha causado a perda de quantidades significativas de filmes e outros artefatos culturais importantes da Cinemateca Brasileira, um dos mais antigos e respeitados membros da nossa rede global e um guardião essencial do rico patrimônio cinematográfico do Brasil", diz a nota.

"É impossível não vincular os desastres, que causaram graves danos às instalações e acervos da Cinemateca nos últimos anos, à flagrante falta de apoio financeiro e institucional do governo brasileiro."

O incêndio teria começado durante a manutenção, por parte de uma empresa terceirizada, no ar condiciado de uma sala no primeiro andar do imóvel. Ela e outra sala adjacente, que abrigam o acervo histórico de filmes da entidade, foram atingidas, bem como um terceiro ambiente dedicado a arquivos impressos.

O prédio em questão não é a sede principal da Cinemateca, que fica na Vila Clementino, na zona sul da capital paulista. Mas o depósito atingido pelas chamas também abriga parte importante de seu acervo, como filmes de 35 mm e 16 mm, feitos de material altamente inflamável. Eles seriam cópias para exibição, não os rolos originais, que ficam em outro local.

A nota da Fiaf enfatizou ainda quando o governo Bolsonaro demitiu funcionários da instituição no ano passado e tomou para si a tutela do local, numa ação com a presença da Polícia Federal, após o fim do contrato de gestão que mantinha com a Acerp, a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto.

"A Fiaf expressou publicamente sua profunda preocupação na época e pediu ao governo brasileiro que ajudasse a resolver esta situação chocante. Infelizmente, pouco progresso parece ter sido feito desde então", diz o texto.

Na manhã desta sexta, horas depois do incêndio, a Secretaria Especial da Cultura publicou um edital para contratação de entidade gestora da Cinemateca. O chamamento público prevê um contrato de cinco anos com uma entidade privada sem fins lucrativos.

secretário da cultura, Mario Frias, foi ao Twitter colocar a culpa no Partido dos Trabalhadores. "O estado que recebemos a Cinemateca é uma das heranças malditas do governo apocalíptico do petismo, que destruiu todo o estado para rapinar o dinheiro público e sustentar uma imensa quadrilha de corrupção e sujeira criminosa."

No início do ano, em caráter emergencial, a Sociedade Amigos da Cinemateca foi escolhida pelo governo para gerir a Cinemateca. O governo Bolsonaro, porém, não assinou convênio com entidade gestora, conforme tinha anunciado.

"O futuro da Cinemateca continua mais incerto do que nunca e a cada dia aumenta o risco de suas coleções sem cópia, que já estão em vergonhoso estado de abandono", diz ainda a nota da Fiaf.

"Mais uma vez, apoiamos nossos colegas de São Paulo e exigimos que o governo brasileiro intervenha imediatamente garantindo que a instituição opere e cumpra suas missões culturais, assim como fez de maneira brilhante por 70 anos, antes que seja tarde demais."

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